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Em guerra há oito anos no Afeganistão, a coalizão liderada pelos Estados Unidos vive atualmente seu momento mais dramático. Estimativas indicam que o número de baixas aliadas em 2008 deve aumentar 400% em relação aos níveis de 2002. Diante do cenário sombrio, vozes nos países aliados apontam para a necessidade de uma resposta política à crise, que vá além dos esforços militares

Essa "contra-insurgência política", como ficou conhecida pelos diplomatas ocidentais no país, pode significar que os EUA e seus aliados terão de se sentar na mesa de negociações com o Taleban - grupo que foi o grande argumento da invasão americana, acusado de abrigar a Al-Qaeda e seu líder, Osama bin Laden. Como antecipou o brigadeiro inglês Mark Carleton-Smith, comandante na turbulenta Província de Helmand, a idéia de negociar com os anfitriões de Bin Laden "não deveria causar tanto desconforto".

A aproximação com o grupo insurgente, porém, pode ser mais difícil do que se imagina. "Se houver diálogo com o Taleban, ele deverá ser iniciado a partir de contatos esparsos que, com o tempo, podem se tornar negociações. Mas ainda é prematuro falar sobre conversas de paz", afirmou o porta-voz da missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no Afeganistão, Adrian Edwards

A primeira dificuldade diz respeito à estrutura do Taleban. Fomentado por uma parceria entre EUA, Paquistão e Arábia Saudita na luta contra a União Soviética nos anos 80, o grupo é uma confederação de clãs e líderes tribais. "Trata-se de uma organização em rede", diz Edwards.

No centro, há o fundamentalismo religioso que preconiza a islamização do Estado e da sociedade pela força. "Não está definido com quem do Taleban falar, nem se será a coalizão ou o governo de Hamid Karzai", aponta Robert Templer, da ONG de monitoramento de conflitos International Crisis Group. "Estas questões sequer foram levantadas."

Mas para Paul Pillar, especialista do King’s College de Londres, as negociações "devem ser feitas por Karzai e não pela coalizão, que não tem legitimidade para determinar a distribuição do poder em um futuro governo afegão".

Pillar completa dizendo que "o contato não será com ‘o Taleban’, mas com os líderes e elementos associados ao grupo". Edwards concorda: "É melhor não esperar por reuniões de gabinete."

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