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O Congresso dos Estados Unidos aprovou no ano passado a Iniciativa Mérida, destinada a ajudar o México e os países da América Central a combaterem o narcotráfico. O chefe do Estado-Maior dos EUA, almirante Mike Mullen, visita neste fim de semana o país vizinho, para tratar do tema durante encontros com funcionários locais.

"Na administração de (George W.) Bush, o tráfico e a violência se mantiveram ou aumentaram em comparação com governos passados. Isso demonstra a ineficácia da política dos EUA nesse setor", nota José María Ramos, especialista em segurança do Colégio da Fronteira Norte, em Tijuana, cidade próxima da norte-americana San Diego.

Ramos lembra que a Iniciativa Mérida, a ser implementada nos próximos meses, prevê uma maior participação dos EUA no combate ao tráfico de drogas na fronteira, com treinamento das forças do vizinho e também dinheiro e equipamentos para o combate às quadrilhas.

O especialista aponta que a chegada de Obama ao poder pode levar a uma reavaliação do projeto, não enfocando apenas o fator segurança, obviamente necessário, mas também incentivos sociais para evitar a entrada da população no negócio do tráfico.

"É preciso uma estratégia abrangente com saúde, educação, política de empregos, que abarque os grupos mais vulneráveis, não somente compradores mas também possíveis vendedores", completa Arturo Alvarado, professor de Sociologia do Colégio do México, da Cidade do México. "O problema é que, se há impunidade, todo mundo vende."

A cientista política Cynthia McClintock, da Universidade George Washington, acredita que a administração Obama pode investir mais dinheiro na prevenção e no tratamento dos viciados. Porém não acredita que haverá medidas mais ousadas, como a descriminalização de algumas drogas.

Crise

A turbulência econômica mundial afeta muito o México, fortemente dependente dos EUA. Ramos lembra a crise que abalou o México em 1994, que "influiu para tornar vantajosa a participação em negócios ilegais". "Sim, há condições (atualmente) para se incrementar o tráfico de drogas para os EUA, particularmente porque segue existindo a demanda. O dólar está bastante alto (em relação ao peso), o que também é um atrativo", argumenta.

"A política econômica não restringe o comércio ilegal", recorda Alvarado. Segundo ele, a crise deve aumentar o descontentamento da população e, com isso, o desejo de se consumir drogas, mas também haverá menos dinheiro para essa finalidade. "Então o que podemos pensar é que se venda droga mais barata para a população que a requeira", calcula. "E a droga é muito barata, cada vez mais."

Neste ano haverá eleições legislativas no México. O Partido da Ação Nacional (PAN), do presidente Felipe Calderón, aparece nas pesquisas perdendo espaço, pela crise e também pelos problemas com o narcotráfico. "O sistema político mexicano faz com que o presidente arque com esses custos", diz Alvarado. "Vai haver um custo eleitoral", prevê.

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