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Anwar al-Awlaki, que nasceu nos Estados Unidos, comandava a Al-Qaeda na Península Arábica | Reuters
Anwar al-Awlaki, que nasceu nos Estados Unidos, comandava a Al-Qaeda na Península Arábica| Foto: Reuters

Repercussão

Obama diz que Al-Qaeda não terá esconderijo

Washington - O presidente Barack Obama disse que a morte do clérigo Anwar al-Awlaki no Iêmen "é um importante golpe contra um dos mais ativos associados da Al-Qaeda". Ele também afirmou que o fato "representa outro marco nos amplos esforços para derrotar a Al-Qaeda".

Segundo Obama, a morte de al-Awlaki mostra a persistência dos esforços militares contra o terrorismo. O presidente declarou que a Al-Qaeda continua perigosa, mas está enfraquecida.

Para Obama, "a Al-Qaeda e seus associados não encontrarão esconderijos seguros em nenhuma parte do mundo". Obama não quis fornecer detalhes da operação.

O progresso feito contra a Al-Qaeda pode ajudar Obama enquanto ele busca a reeleição em 2012 e atrapalha os esforços dos republicanos de retratá-lo como líder global fraco.

O governo Obama, porém, recebeu a condenação imediata de defensores dos direitos civil norte-americanos, que dizem que foi ilegal cometer um assassinato sem o devido processo judicial. (AE)

Washington - O clérigo radical Anwar al-Aw­­laki, 40 anos, nascido nos EUA, foi morto ontem no Iêmen. Apontado como um dos líderes da Al-Qaeda na Península Arábica, ele é considerado mentor de atentados re­­centes aos EUA, incluindo o ataque à base militar de Fort Hood, no Texas, em 2009.

Segundo funcionários ligados ao governo iemenita e aos EUA, ele foi morto por um avião não tripulado norte-americano – os chamados "drones". Al-Awlaki ha­­via es­­capado de atentado semelhante em maio passado.

Em julho, o secretário de defesa dos EUA, Leon Panetta, disse que al-Awlaki era um alvo prioritário para os EUA na luta contra o terror, ao lado do egípcio Ayman al-Zawahiri, o qual os EUA acreditam passou a comandar a Al-Qaeda após a morte de bin Laden

O governo do Iêmen disse que al-Awlaki foi "localizado e morto" ao redor das 9h55 da manhã de ontem, logo na saída da cidade de Khasaf, um lugar desértico na província de Jawf, 140 quilômetros ao leste da capital Sanaa.

Críticas

O assassinato de al Awlaki foi criticado pelo fato de ele ser cidadão americano – nascido no Estado do Novo México, filho de iemenitas.

Com auxílio da American Civil Liberties Union (união de liberdades civis), Nasser al Awlaki, pai do clérigo, moveu, há 13 meses, uma ação pública contestando a autoridade do governo de atacar cidadãos norte-americanos distantes de zonas de conflito armado. O processo foi arquivado em dezembro.

Ontem, a entidade criticou o assassinato. Em comunicado oficial, afirmou que a ação "viola tanto as leis americanas quanto as internacionais" ao assassinar cidadãos "sem processo judicial".

"A autoridade do governo de usar força letal contra seus próprios cidadãos deveria ser limitada a circunstâncias em que a ameaça à vida é concreta, específica e imediata."

O ataque de ontem matou também o norte-americano Samir Khan, que editava uma revista on-line ligada à Al-Qaeda. A revista de Khan teve sete edições com artigos sobre como fabricar bombas rústicas e como disparar rifles de assalto AK-47.

Ditador

O assassinato do terrorista coincide com um período de crise política no Iêmen. O ditador Ali Ab­­dul­­lah Saleh tem resistido aos pe­­didos da população para que deixe o poder. Ele alega ser indispensável aos esforços de enfrentar a Al-Qaeda na península. A Ca­­­­sa Branca, no entanto, en­­fa­­ti­­zou que o ditador Saleh tem de "transferir" o poder imediatamente.

Líder terrorista foi cogitado para ser sucessor de Bin Laden

O clérigo norte-americano An­­war al-Awlaki, morto nesta sexta-feira no Iêmen, era um dos maiores propagandistas da rede terrorista Al-Qaeda e chefe da unidade de operações internacionais do grupo na Península Arábica. Com uma retórica exem­­plar, o radical islâmico de raízes iemenitas chegou a ser cogitado para sucessor de Osama bin La­­den, após a morte do líder em maio passado.

Com discursos tanto em in­­glês, quanto em árabe, Awlaki, de 39 anos, ganhou fama com imponentes sermões em mesquitas norte-americanas. Acre­­di­­ta-se que três dos sequestradores de avião do 11 de Setembro ouviram seus discursos em San Diego.

Filho de iemenitas, Awlaki nasceu no estado norte-americano do Novo México, mas aos 7 anos voltou para Sanaa. Regres­­sou ao país natal para estudar na Uni­­versidade do Colorado, onde se formou em Engenharia.

Nesta época, o então jovem Awlaki teria se envolvido com radicais islâmicos na luta contra a invasão soviética no Afega­­nis­­tão. Naquela época, no entanto, EUA e militantes da Al-Qaeda cultivavam uma relação de relativa proximidade. Awlaki chegou a ministrar uma palestra sobre o Islã no Pentágono.

Atentados

Após o 11 de Setembro, a vida nos EUA ficou difícil. Em 2004, o clérigo decidiu voltar ao Iêmen. Em Sanaa, resolveu trocar as mesquitas pela sala de aula e teria usado a universidade para recrutar milhares de terroristas. Mas com o aumento da pressão americana por sua captura, passou a viver escondido após 2007. Além ser um incrível orador, Awlaki sabia usar muito bem as redes sociais em favor das causas jihadistas. Em vídeos no You Tube ou em redes sociais, ele evocava o ódio contra o Ocidente.

De acordo com autoridades norte-americanas, Awlaki estaria por trás de quatro dos mais recentes planos de ataque ao país, entre eles a tentativa frustrada de ex­­plodir um avião co­­mercial na noite de natal de 2009 e o fracassado ataque à bomba na Times Square.

No ano passado, o presidente Barack Obama teria pessoalmente autorizado a morte do terrorista, considerado por algumas autoridades de Washington ainda mais perigoso que Bin Laden.

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