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Os Estados Unidos não podem dizer com certeza que a Coréia do Norte possui armas nucleares, mas acreditam que Pyongyang continuou produzindo plutônio para o seu reator nuclear de Yongbyon, disseram importantes fontes americanas de inteligência nesta terça-feira.

Em uma notável alteração de postura, o chefe de inteligência dos EUA, John Negroponte, se recusou a especular sobre o número de artefatos nucleares que a Coréia do Norte pode ter acumulado, apesar dos repetidos questionamentos nesse sentido por parte dos democratas na Comissão de Serviços Armados do Senado.

- Sou muito relutante em entrar em números. Avaliamos que possivelmente eles têm armas nucleares, como afirmam ter. Mas não sabemos de fato se eles têm tais armas. Assim acho que seria difícil dizer com precisão o número, com o nosso nível de conhecimento. Mas não há dúvida de que há um potencial aqui para várias armas - disse Negroponte na audiência anual da comissão sobre ameaças mundiais.

A Coréia do Norte afirma ter desenvolvido armas nucleares com dinheiro e tecnologias próprios. Agências americanas de inteligência vêm sendo muito criticadas por não conseguirem penetrar nos chamados alvos duros, inclusive os relativos aos programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte.

Mas analistas consideram que essa transparência de Negroponte a respeito da Coréia do Norte deriva de uma nova postura da inteligência dos EUA em reação aos problemas com as informações que levaram à guerra do Iraque.

- Eles estão tentando realmente dizer ao Congresso que estão jogando limpo - disse Daniel Byman, da Brookings Institution.

Em relatório de 2002, o governo dos EUA dizia crer que a Coréia do Norte possuía uma ou possivelmente duas armas nucleares. Pyongyang anunciou oficialmente ter essas armas há um ano, e analistas do setor privado afirmam que o arsenal norte-coreano pode ter até 12 bombas atômicas.

Mas, até agora, a Coréia do Norte não realizou testes com essas armas, o que seria um sinal concreto da sua existência.

Enquanto isso, as negociações multilaterais sobre o programa nuclear norte-coreano atingiram um impasse, devido a restrições dos EUA contra empresas acusadas de ajudarem Pyongyang em atividades ilícitas, como falsificação e lavagem de dinheiro.

O general Michael Maples, diretor da Agência de Inteligência de Defesa do Pentágono, admitiu que não há provas de que Pyongyang possua armas nucleares, mas afirmou que em breve o país poderá ter mísseis capazes de atingirem os EUA.

- Avaliamos que eles estão no processo de desenvolver um míssil balístico intercontinental que seria capaz de lançar uma ogiva nuclear, mas ainda não o fizeram nem o testaram - afirmou Maples na audiência do Senado.

Segundo ele, os EUA acreditam que a Coréia do Norte continuou em 2005 produzindo plutônio para fins bélicos em seu reator de Yongbyon, que tem capacidade para 5 megawatts. Ali, existe um reator maior, de 50 megawatts, em construção.

- A atividade no reator de 50 megawatts de Yongbyon sugere que Pyongyang está tentando convencer Washington de que manterá suas ameaças de retomar a construção de seu reator nuclear inconcluso, acrescentando outra fonte de plutônio para armas - disse o general em uma declaração submetida à comissão.

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