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A Comissão Eleitoral Independente do Afeganistão cancelou a realização do segundo turno das eleições presidenciais do país e declarou reeleito o presidente Hamid Karzai. A decisão - que recebeu apoio dos EUA e das Nações Unidas - foi tomada após o candidato da oposição, o ex-ministro das relações exteriores Abdullah Abdullah, desistir da disputa, alegando temer novas fraudes. As eleições estavam marcadas para o dia 7.

O governo dos EUA - que aguardava a escolha de um governo legítimo em Cabul para anunciar se enviaria mais soldados ao país - aceitou rapidamente a decisão da comissão. "Nós parabenizamos o presidente Karzai por sua vitória nesta eleição histórica e esperamos trabalhar com ele" na reforma e na melhora da segurança, afirmou a embaixada norte-americana em um comunicado. O Reino Unido e as Nações Unidas também divulgaram mensagens de apoio a Karzai.

O presidente da comissão eleitoral, Azizullah Lodin, anunciou a vitória de Karzai durante uma entrevista coletiva em Cabul. "Vossa excelência Hamid Karzai, que venceu o primeiro turno com a maioria dos votos e se tornou o candidato único do segundo turno, é considerado pela Comissão Eleitoral Independente como o presidente eleito do Afeganistão", disse Lodin.

Ele acrescentou que a comissão possui autoridade para tomar essa decisão porque a Constituição afegã permite que haja disputa quando houver dois candidatos. Ainda há chance de a resolução ser contestada, embora tenha recebido forte apoio da comunidade internacional. O comunicado da embaixada dos EUA dizia que a decisão da comissão seguia as leis do Afeganistão.

No entanto, segundo Fazel Sancharaki, porta-voz de Abdullah, a decisão da comissão eleitoral não reflete a lei do país. Ele se recusou a dizer se o candidato da oposição questionará a resolução. "O anúncio feito hoje pela comissão eleitoral não resolverá os problemas do Afeganistão e não tem nenhuma base legal".

Sancharaki acrescentou que Abdullah comentaria a declaração sobre a vitória de Karzai na terça-feira. "Esperávamos que a comissão anunciasse algo do tipo porque ela nunca foi independente e sempre apoiou o presidente Karzai", avaliou.

Para Ronald Neumann, embaixador aposentado que já representou os EUA no Afeganistão, cancelar a disputa eleitoral seria a melhor opção para o país e poucos contestariam este tipo de medida.

Karzai está no governo do Afeganistão desde que as tropas norte-americanas invadiram o país para combater o Taleban, em 2001. Ele venceu as eleições em 2004 e a vitória mais recente lhe garante um novo mandato de cinco anos.

O prestígio do presidente afegão em Washington foi abalado recentemente após Karzai ter criticado abertamente a estratégia militar norte-americana para combater o Taleban. Ele afirmou, por exemplo, que os ataques aéreos dos EUA no país mataram muitos civis.

A eleição de 20 de agosto no Afeganistão contribuiu para minar a imagem de Karzai. Investigadores de fraudes descartaram quase um terço dos votos a favor do atual presidente afegão, colocando-o abaixo da linha dos 50% dos votos necessária para que ele vencesse a disputa ainda no primeiro turno.

Temendo que o governo de Karzai não fosse reconhecido como legítimo, autoridades estrangeiras - incluindo o senador norte-americano John Kerry, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown -, pediram a realização de um segundo turno. As informações são da Associated Press.

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