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Sem um sinal claro de que os Estados Unidos podem obter apoio da ONU para sanções contra o Irã, o governo do presidente George W. Bush disse na terça-feira que pode se concentrar no convencimento de países de mentalidade semelhante a também punirem o Irã individualmente por seu programa nuclear,

Os EUA, que já mantêm sanções contra a República Islâmica, pressionam o Conselho de Segurança da ONU a impor sanções internacionais ao Irã, mas enfrentam resistência da Rússia e da China, que têm poder de veto.

"Se por qualquer razão o Conselho não cumprir suas responsabilidades, acho que caberá a nós, e tenho certeza de que iremos adiante para pedir a outros países e outros grupos de países que imponham essas sanções," disse John Bolton, embaixador dos EUA na ONU, a deputados da subcomissão para Reformas do Governo.

Diplomatas dizem que os EUA vão tentar convencer países da Europa que mantêm relações comerciais com o Irã a imporem sanções caso não haja consenso para uma ação mais ampla no Conselho.

Sob os duros questionamentos de parlamentares democratas, que acusaram o presidente George W. Bush de buscar uma guerra contra o Irã, Bolton qualificou de "ficção" as notícias segundo as quais os EUA têm forças secretas dentro do Irã. Ele afirmou que Bush está empenhado em uma solução diplomática.

Washington acusa Teerã de desenvolver armas nucleares, mas a República Islâmica garante que seu programa atômico se destina exclusivamente à geração de energia com fins civis.

Bolton e seus colegas da França e da Grã-Bretanha devem apresentar nesta semana uma nova resolução ao Conselho, exigindo que Teerã abandone o enriquecimento de urânio. Por estar baseada no artigo 7o. da Carta da ONU, essa resolução seria de cumprimento obrigatório.

O embaixador norte-americano levantou a hipótese de China e Rússia se absterem para permitir a aprovação, ao invés de vetarem. "Embora fosse desejável um Conselho de Segurança unânime ao adotarmos essa resolução sob o artigo 7o., não é impossível que sigamos sem isso", afirmou.

Durante a audiência de Bolton, alguns deputados questionaram a eficácia das sanções, lembrando o escândalo de favorecimentos no extinto programa "petróleo por comida", criado pela ONU na época das sanções contra o Iraque.

"Precisamos de uma ONU que funcione efetivamente. Precisamos de uma ONU que lide com programas grandes de sanções", disse Bolton, usando argumentos habituais do governo em prol de reformas na entidade internacional.

Ele queixou-se dos países em desenvolvimento, que na semana passada aprovaram uma resolução que "para todos os intentos e propósitos estanca" o plano de reforma gerencial do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Bolton disse torcer para que esses países, que fornecem cerca de 12 por cento do orçamento da ONU, percebam que "repudiar os países (ricos) que contribuem com a esmagadora maioria do orçamento da ONU não é uma forma de fazer amigos e influenciar pessoas".

Sob pressão dos democratas, Bolton disse não ter lido um artigo da revista New Yorker segundo o qual os EUA teriam operações militares secretas no Irã. "Não tenho tempo para ler muita ficção", afirmou.

Ele também negou ter tido qualquer participação nas informações equivocadas sobre armas de destruição em massa que levaram os EUA à guerra do Iraque, embora na época fosse o diplomata encarregado de questões armamentistas.

"É chocante que o senhor (diga que) não estivesse no circuito", disse o deputado democrata Stephen Lynch.

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