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Washington – O governo americano está preparando uma espécie de "Plano Colômbia" para o México. O projeto, segundo deputados e fontes da Casa Branca, seria a maior ofensiva dos EUA contra o narcotráfico no exterior depois do programa de ajuda financeira, cooperação técnica e militar desenvolvido em parceria com o governo colombiano, que já recebeu US$ 5 bilhões.

A versão mexicana incluiria desde o uso de helicópteros Blackhawks até o treinamento de forças de segurança e o repasse de equipamentos como escutas telefônicas e radares para detectar aviões suspeitos de carregar droga. "Serão centenas de milhões de dólares", disse o deputado democrata Henry Cuéllar, acrescentando que o custo do projeto será anunciado em breve pelo Congresso. "Se queremos ter sucesso em acabar com esse câncer (o narcotráfico no México) teremos de investir pesado."

O departamento de Estado americano se negou a divulgar informações sobre o novo plano, mas segundo um funcionário ligado aos órgãos de combate ao narcotráfico nos EUA, as negociações com o governo mexicano estão avançadas. A mesma fonte também disse que ao menos algumas partes do projeto podem ser divulgadas no dia 20 ou 21, quando o presidente mexicano, Felipe Calderón, e o americano, George W. Bush, devem se encontrar para uma reunião do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) no Canadá.

A ajuda americana viria em momento oportuno. Calderón está organizando uma das maiores ofensivas contra o tráfico da história do país, em resposta ao aumento da violência, provocado pelo narcotráfico. Desde 2006, mais de 3 mil pessoas já morreram em incidentes relacionados às disputas entre os cartéis da droga mexicanos. Há pelo menos vinte anos não se via uma situação tão crítica. A violência, que antes se concentrava nas regiões da fronteira com os EUA, se espalhou por todo o país. Além disso, os traficantes estão adotando técnicas cada vez mais cruéis - como torturas, mutilações e decapitações.

Para combater as quadrilhas, logo depois que assumiu, em dezembro deste ano, Calderón enviou mais de 20 mil soldados e policiais federais para nove Estados mexicanos nos quais a situação é tensa. Em junho, ele também afastou quase 300 chefes da polícia do país numa tentativa de desmantelar as redes de cooperação com o crime.

A proposta de um "Plano México" ainda sofre grande resistência no país. "Existe um histórico incômodo no México quando se trata de receber ajuda dos EUA", disse Cuéllar. Para boa parte da população mexicana, a idéia de uma cooperação militar cheira a ingerência. A aversão tem raízes históricas ligadas ao fato dos EUA terem tomado quase metade do território original do México após um conflito entre os dois países, no século 19.

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