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Os Estados Unidos apresentaram nesta quinta-feira um projeto para um tratado proibindo a produção de material nuclear físsil, capaz de ser usado na fabricação de bombas. Mas o documento não prevê o fim dos estoques atualmente existentes.

Stephen Rademaker, secretário assistente no bureau de segurança internacional e de não-proliferação, defendeu o início imediato de negociações sobre o texto americano e a assinatura de um pacto até o final do ano.

A proposta foi apresentada na Conferência sobre o Desarmamento, realizada com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). O fórum de Genebra encontra-se há anos em um impasse devido a essa questão, mas a busca por avanços intensificou-se nos últimos tempos devido à preocupação crescente com os programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte.

- O texto do tratado que apresentamos contém cláusulas essenciais envolvendo um bem-sucedido Tratado de Exclusão de Materiais Físseis (FMCT), que teria força de lei - afirmou Rademaker em um discurso no qual apresentou a proposta de quatro páginas. - Nosso projeto de tratado possui uma meta bastante clara. Ele proíbe a produção de material físsil para uso em armas nucleares ou em outros aparatos nucleares explosivos - acrescentou.

O fórum, que conta com 65 países-membros, realiza uma sessão especial para tentar dar início a negociações sobre o banimento da produção de urânio e plutônio altamente enriquecidos.

Essas negociações - consideradas o próximo passo no processo de desarmamento nuclear do mundo - foram travadas por um breve período de tempo, em agosto de 1998. Elas acabaram sendo interrompidas devido a desavenças sobre o alcance de um futuro tratado, sobre se esse tratado deveria valer para os estoques existentes e sobre se haveria um mecanismo de verificação.

Não está claro se a proposta americana será suficiente para dar início a negociações relevantes, colocando fim a anos de paralisia.

Os países em desenvolvimento desejam ampliar o processo e incluir nele a questão do desarmamento mundial total. A China e outros países também pressionam pela realização de negociações paralelas a fim de impedir uma corrida armamentista no espaço, algo a que os EUA têm resistido.

Rademaker acusou o Irã de, "mesmo hoje", continuar sem cooperar com a investigação realizada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a respeito do programa nuclear dele.

- A pergunta é: há alguma atividade nuclear ou material nuclear que o Irã não declarou? Trata-se disso, basicamente - disse o americano em uma entrevista coletiva.

Rademaker também aconselhou a Coréia do Norte-- que declarou ter um programa de armas atômicas após retirar-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT) em 2003 - a não transferir armas nucleares e a não testar armas ou mísseis nucleares.

- Nosso temor é de que o Irã caminhe na mesma direção da Coréia do Norte - afirmou.

As cinco potências atômicas oficiais do mundo - Grã-Bretanha, China, França, Rússia e EUA - opuseram-se à inclusão dos estoques atuais nas negociações. Rademaker reafirmou que os estoques existentes não seriam afetados pelo tratado sugerido.

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