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Soldados iraquiano (acima) e americano em Ramadi: abusos da Guarda Nacional teriam sido acobertados pelos EUA | Mohammed Ameen/Reuters
Soldados iraquiano (acima) e americano em Ramadi: abusos da Guarda Nacional teriam sido acobertados pelos EUA| Foto: Mohammed Ameen/Reuters

Faltou combustível

Ingleses deixaram chefe da Al-Qaeda escapar

Londres - Um helicóptero do Exército britânico estava a ponto de deter em 2005 o jordaniano Abu Musab Zarqawi, chefe da Al-Qaeda no Iraque, morto em 2006, mas teve que dar meia volta porque não tinha combustível suficiente, segundo um documento publicado pelo WikiLeaks e analisado pelo The Observer. No dia 17 de março de 2005, no início da tarde, os serviços secretos britânicos com base em Basra, no sul do Iraque, localizaram Zarqawi – por quem era oferecida uma recompensa de US$ 25 milhões – viajando em uma rota próxima à cidade, explica um dos documentos publicados pelo WikiLeaks.

Um helicóptero Lyns cobria a zona e descobriu um veículo suspeito. Manteve a vigilância por 15 minutos mas, após esgotar as reservas de combustível, teve que voltar à base para reabastecer. "Portanto, a zona de interesse esteve sem vigilância por 20 a 30 minutos", acrescentou o documento confidencial do Exército americano. Passado esse tempo, um batalhão britânico chegou à região, mas como não tinha apoio aéreo, pôde apenas efetuar buscas aleatórias, que não tiveram êxito. O informe do incidente é concluído com esta frase: "Às 22h14, as buscas foram interrompidas". Abu Musab Zarqawi morreu quinze meses depois, em julho de 2006, em um ataque americano.(AFP)

Londres - Os Estados Unidos estão sob pressão cada vez maior para investigar as informações divulgadas em um novo vazamento de documentos secretos pelo site WikiLeaks.org.

Governos de diversos países e organizações internacionais de defesa dos direitos humanos querem respostas às denúncias levantadas contra os exércitos de EUA, Iraque e de outras forças aliadas, como as britânicas, depois do vazamento de mais quase 400 mil documentos militares secretos norte-americanos, na última sexta-feira.

O vice-primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Nick Clegg, qualificou as alegações como "extremamente sérias" e disse que as pessoas querem ouvir uma resposta.

Ontem, Clegg observou que não cabe ao governo do Reino Unido dizer como Washington deve reagir às alegações de abuso, mas que quaisquer acusações de abuso por parte de tropas britânicas "são extremamente sérias e precisam ser analisadas".

Abusos

A ONG Human Rights Watch cobrou que o governo do Iraque investigue denúncias segundo as quais suas forças de segurança torturaram e abusaram sistematicamente de seus prisioneiros. A Anistia Internacional pediu a Washington que investigue o quanto as autoridades norte-americanas sabiam dos abusos.

O representante da ONU, que encaminhará nos próximos dias uma carta a Washington, estima que a Casa Branca tem a "obrigação moral e legal" de conduzir uma investigação.

A avalanche de informações secretas abrange um período que vai de 2004 a 2009 e oferece uma perspectiva chocante do conflito, especialmente no que diz respeito a abusos de civis iraquianos.

Segundo os documentos, o exército norte-americano autorizou a tortura e matou centenas de civis em postos militares no Iraque ao longo dos últimos anos.

Arquivos secretos obtidos pelo WikiLeaks e repassados a alguns jornais do mundo revelaram a existência de uma ordem secreta da cúpula do exército dos EUA para que não fossem investigados os casos de tortura atribuídos a autoridades iraquianas descobertos pelas forças norte-americanas.

Os EUA também acobertaram, segundo os documentos, o fato de "centenas" de civis iraquianos terem sido assassinados em postos de controle militar operados por soldados norte-americanos depois da invasão do Iraque, em março de 2003, por forças estrangeiras lideradas por Washington em busca de armas de destruição em massa que nunca vieram a ser encontradas.

Os EUA teriam compilado "um registro de iraquianos mortos e feridos no conflito, apesar de o terem negado publicamente".

Os documentos revelam que a guerra no Iraque matou pelo menos 109.000 pessoas entre a invasão do país árabe, em março de 2003, e o fim do ano passado. Destes, 63% eram civis.

O website Iraq Body Count, que tenta contabilizar o total de civis de iraquianos desde o início da guerra, disse ter analisado as informações vazadas e detectado 15.000 mortes não relatadas anteriormente nos documentos vazados, divulgados na sexta-feira.

Embora a documentação pareça autêntica, sua procedência não pôde ser confirmada por fontes independentes. O Pentágono confirma o vazamento, assim como o Ministério da Defesa britânico, mas queixam-se de que ele pode pôr a vida de soldados em risco.

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