
A Comissão Europeia considerou ontem que a decisão do governo da Bolívia de expropriar a empresa Transportadora de Electricidad (TDE), de capital espanhol, emite "sinal negativo" aos investidores e cobrou uma compensação "rápida e adequada" para a companhia.
A nacionalização da subsidiária da Red de Eletricidad de España (REE), anunciada na terça-feira, entrou na lista dos fatores que ajudaram a derrubar Bolsa de Madri: recuo de 2,55% ontem, levando o índice ao nível mais baixo desde 2009.
As ações da REE tiveram queda de 2,23%, depois de dois dias de alta. As da Repsol, que teve 51% das ações expropriadas na maior petroleira argentina, a YPF, há 15 dias, caíram 4,84%.
À diferença das fortes reações no caso da petroleira YPF, as exigências da Comissão Europeia foram as declarações mais contundentes sobre a decisão de Evo Morales.
Morales
Se a Espanha passa por mau momento, o governo Morales tampouco vive seu auge, acossado por protestos em sua própria base desde o ano passado, quando sua popularidade chegou o nível mais baixo desde 2006, 32%.
De lá para cá, a economia melhorou, houve redução da inflação de 2011, e Morales viu sua aprovação subir um pouco, para 38,8% em abril.
Mas nem isso nem o anúncio da expropriação anteontem tiveram qualquer efeito sobre conflitos específicos, como o dos médicos ou dos indígenas amazônicos.
Ontem, os médicos em greve há um mês contra o aumento da jornada laboral de 6 horas para 8 horas resolveram radicalizar. Integrantes da categoria bloquearam estradas e avenidas em Cochabamba e Santa Cruz.
A principal central sindical rejeitou o aumento de 8% para educação e saúde e o novo salário mínimo, de 1.000 bolivianos (US$ 143), anunciado por Morales.
A nacionalização tampouco amainou o mau humor da ala mais esquerdista, parte já rompida com Morales, que acusa o governo de fazer nacionalizações de fachada.



