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Faixa com o anúncio de nacionalização da Transportadora de Eletricidade é colocada em frente da sede da empresa espanhola, em La Paz | Danilo Balderrama/Reuters
Faixa com o anúncio de nacionalização da Transportadora de Eletricidade é colocada em frente da sede da empresa espanhola, em La Paz| Foto: Danilo Balderrama/Reuters

Pagamento

Bolívia promete compensar empresa espanhola

O ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, classificou ontem como "negativa" a decisão da Bolívia de nacionalizar a Transportadora de Eletricidade (TDE), subsidiária da Rede Elétrica Espanhola (REE), mas ressaltou que o governo de Evo Morales garantiu que compensará a empresa espanhola pela expropriação e pelos investimentos feitos no país.

"A Bolívia garantiu que vai compensar a empresa pelos investimentos na rede de energia elétrica, o que obviamente é um elemento que o governo espanhol irá monitorar", assegurou Guindos, de modo que se pague um "preço justo" para a expropriação.

As medidas do governo boliviano foram garantidas nos contatos com o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel García-Margallo, e da Indústria, José Manuel Soria.

Apesar do precedente da expropriação da companhia petrolífera YPF, filial da Repsol, na Argentina, De Guindos disse que acredita que "não há absolutamente nenhum tipo de situação generalizada" na América Latina.

"São situações independentes", insistiu. "São decisões essencialmente negativas para os países que as tomam, para os governos dos países que as tomam."

Espanha diz não temer expropriações no Brasil

O embaixador da Espanha no Brasil, Manuel de la Câ­­mara Hermoso, afirmou ontem que não teme que o Brasil adote postura semelhante à de Bolívia e Argentina, que decidiram nacionalizar empresas de energia de origem espanhola.

Para ele, a situação nos dois países vizinhos é muito particular. Enquanto as negociações com o governo argentino "não têm sido fáceis", as decisões na Bolívia são "políticas, feitas por um governo que não é muito pre­­visível".

Reunião

Pela manhã, Hermoso se­­­­ reuniu com o ministro de­­­­ Minas e Energia, Edison Lo­­bão, em Brasília. De acordo com a assessoria de imprensa da embaixada espanhola, os dois trataram sobre parcerias entre os dois governos na área de energia renovável.

Embora não tenham discutido valores ou prazos para os projetos, eles acordaram que as negociações devem continuar nos próximos dias. Está prevista, inclusive, a visita do ministro espanhol de Minas e Energia ao Brasil. Hermoso está em Brasília há apenas um mês.

A Comissão Europeia con­­­­si­­derou ontem que a­­ de­­ci­­são do governo da Bo­­lí­­via de­­ expropriar a em­­pre­­­­sa­­ Trans­­portadora de Elec­­­­tri­­cidad (TDE), de capital­­ espa­­nhol, emite "sinal nega­­ti­­vo"­­ aos investidores e co­­brou­­ uma compensação "rá­­pi­­da e adequada" para a­­ companhia.

A nacionalização da subsidiária da Red de Eletricidad de España (REE), anunciada na terça-feira, entrou na lista dos fatores que ajudaram a derrubar Bolsa de Madri: recuo de 2,55% ontem, levando o índice ao nível mais baixo desde 2009.

As ações da REE tiveram­­ queda de 2,23%, depois de dois dias de alta. As da Rep­­sol, que teve 51% das ações expropriadas na maior petroleira argentina, a YPF, há 15 dias, caíram 4,84%.

À diferença das fortes rea­­ções no caso da petroleira YPF, as exigências da Comissão Europeia foram as declarações mais contundentes sobre a decisão de Evo Morales.

Morales

Se a Espanha passa por mau momento, o governo Morales tampouco vive seu auge, acossado por protestos em sua própria base desde o ano passado, quando sua popularidade chegou o nível mais baixo desde 2006, 32%.

De lá para cá, a economia melhorou, houve redução da inflação de 2011, e Morales viu sua aprovação subir um pouco, para 38,8% em abril.

Mas nem isso nem o anún­­cio da expropriação anteontem tiveram qualquer efeito sobre conflitos específicos, como o dos médicos ou dos indígenas amazônicos.

Ontem, os médicos em greve há um mês contra o aumento da jornada laboral de 6 horas para 8 ho­­ras­­­­ resolveram radicalizar.­­ Integrantes da categoria blo­­quearam estradas e aveni­­das em Cochabamba e San­­ta Cruz.

A principal central sindical rejeitou o aumento de 8% para educação e saúde e o novo salário mínimo, de 1.000 bolivianos (US$ 143), anunciado por Morales.

A nacionalização tampouco amainou o mau humor da ala mais esquerdista, parte já rompida com Mo­­rales, que acusa o governo de fazer nacionalizações de fachada.

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