Bruxelas - A União Europeia (UE) anunciou ontem ter enviado uma carta à ONU oferecendo enviar tropas terrestres à cidade líbia de Misrata para assegurar o encaminhamento de ajuda humanitária à cidade sitiada há sete semanas pelas tropas governistas.
É a primeira vez que autoridades oficiais mencionam abertamente a possibilidade de enviar militares estrangeiros em solo líbio.
A decisão, se implementada, abriria um precedente controverso, já que a resolução 1973 da ONU adotada sob pretexto de proteger os civis da Líbia permitia apenas ataques aéreos contra alvos do ditador Muamar Kadafi e descartava soldados em solo.
"Não se trata de um plano de ação, é apenas o passo seguinte. E só abordaremos detalhes se houver pedido da ONU, disse a chefe da diplomacia da Catherine Ashton, ao anunciar consenso entre os 27 países-membros sobre o tema.
Segundo Ashton, a carta com a oferta foi enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no último dia 8.
Fontes da UE disseram que a chefe da ONU para temas humanitários, Valerie Amos, respondeu dizendo que preferia esgotar as opções civis e que qualquer envolvimento militar em solo poderia ser contraproducente.
Qualquer apoio de tropas à missão humanitária envolveria centenas de soldados e poderia desencadear combates diretos entre militares europeus e líbios.
Amos deixou claro ontem que avalia como cada vez mais grave a situação em Misrata, cidade líbia onde há maior risco de catástrofe humanitária e onde combates já deixaram mil mortos, segundo médicos locais.
Acordo
A representante da ONU passou os últimos dias negociando com o governo líbio a possibilidade de entrega de alimentos e remédios aos moradores da cidade.
Em Trípoli, Amos obteve a promessa de que Kadafi aceita uma missão da ONU em Misrata, mas sem garantias de que os ataques serão suspensos para permitir a chegada da ajuda.
Porta-voz de Kadafi afirmou que o acordo com a ONU supõe a entrega de alimentos e remédios a Misrata, além da criação de um corredor humanitário. Ele não mencionou o fim dos ataques.
Com os acessos à cidade tomados pelo Exército, a única saída para os moradores tem sido o porto, por onde navios vêm retirando nos últimos dias milhares de pessoas, principalmente feridos em estado grave e trabalhadores estrangeiros.
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