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Curitiba – A entrada de novos sócios na União Européia (UE) e a mudança de governantes em dois dos principais sócios do clube – França e Reino Unido – podem determinar o rumo do bloco em 2007. Depois do "não" dos franceses e holandeses à Constituição Européia, em maio do ano passado, o comando central, em Bruxelas, ficou alarmado e manda dizer aos curiosos que "parou para refletir sobre o processo de integração".

O real impacto da troca do comando político francês e britânico (veja box ao lado) sobre a UE, que desde maio de 2004 conta com 25 países, divide a opinião dos especialistas. Enquanto um grupo acha que pouco deve mudar, independentemente dos novos líderes, outro calcula que especialmente a partir da eleição do novo presidente francês o plano constitucional ganha novo fôlego.

O coordenador do Centro de Estudos Europeus e professor de História Contemporânea da Universidade de Brasília (UnB), Estavão de Rezende Martins, baseia-se nas eleições passadas em outros países europeus para afirmar que até a mudança da cúpula administrativa do Parlamento Europeu, em 2009, a UE continuará digerindo o fracasso da primeira tentativa de aprovar uma Constituição em comum.

"Do ponto de vista genérico do funcionamento da União Européia, não acho que vai haver mudança substancial. Nem a troca do Tony Blair pelo Gordon Brown, nem a direita ou a esquerda na França vão provocar mudança na União Européia. Em casos semelhantes de troca de governos em outros países, nunca houve mudança no caminho da Europa", defende Martins. Segundo ele, a decisão de dar um tempo no processo de integração foi "sábia", porque o efeito político real do resultado do plebiscito na França é menor do que parece.

O professor de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Williams Gonçalves, acha que a opção da UE pelo alargamento do grupo, como a decisão desta semana de aprovar a entrada da Bulgária e da Romênia no bloco, tende a limitar o consenso dos países membros nas questões das relações internacionais. "Os franceses, por exemplo, têm uma posição contrária à integração sobretudo porque a União Européia adotou uma política da ampliação, e não optou pelo aprofundamento. À medida que o número de países que integram o bloco aumenta, as diferenças se tornam maiores", diz Gonçalves.

Bulgária e Romênia adentram o bloco num processo de escalonamento que vai se estender por pelo menos dez anos, mas que, se visto o resultado de processos semelhantes pelo qual passaram outros membros, só deve ajudar os dois países. "A Romênia não teria todos os recursos prontos para entrar no grupo, então eles entram, mas com cláusulas especiais. Existem restrições temporárias, sobretudo da mão de obra desqualificada. À medida que a economia for melhorando e a mão-de-obra se tornando mais qualificada, as pessoas passam a circular livremente entres os países como a regra deve supor", afirma Martins.

O professor afirma, no entanto, que a medida para alargar o grupo é uma faca de dois gumes. "Um lado de sucesso, que mostra que o modelo da União Européia é atrativo e todo mundo quer. E o lado ruim, que quanto mais sócios, mais difícil administrar o clube."

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