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Suspeito de participar de sequestro a uma agência dos correios no norte de Paris no momento em que foi detido pela polícia francesa | Philippe Wojazer/Reuters
Suspeito de participar de sequestro a uma agência dos correios no norte de Paris no momento em que foi detido pela polícia francesa| Foto: Philippe Wojazer/Reuters

Lágrimas e brincadeiras na despedida de "Charb"

Choro, brincadeiras e música fizeram parte ontem do funeral carregado de emoção do diretor do jornal Charlie Hebdo, Stephane Charbonnier, o Charb, assassinado no último dia 7 na sede da revista satírica junto com outras 11 pessoas, oito delas membros de sua redação.

Mais de 500 pessoas acompanharam o enterro, enquanto outras tantas assistiram ao ato na rua a partir de um telão que foi instalado.

Além das ministras de Educação, Najat Vallaud-Belkacem; da Justiça, Christiane Taubira; da Cultura, Fleur Pellerin, e a prefeita Anne Hidalgo, participaram do ato o prefeito de Pontoise e diferentes líderes da esquerda francesa, entre eles Jean-Luc Mélenchon.

O caixão de Charb foi levado ao cemitério ao som de uma fanfarra que acompanhou as últimas palavras de seu amigo e colaborador Patrick Pelloux, que encerrou a cerimônia sem conseguir conter as lágrimas.

O também médico, um dos primeiros a chegar à sede da Charlie Hebdo após o massacre, não esqueceu as outras vítimas assassinadas em Paris e seus arredores: quatro clientes de um supermercado judeu e uma policial.

"Os 17 que se foram não morreram em vão. Agora somos um", ressaltou Pelloux, antes de saxofones, trombetas e guitarras começarem a tocar a música irlandesa "Dirty Old Town".

Antes, Renald Luzier, o Luz, autor da última e novamente polêmica capa da revista, expressou seu desejo de que surjam novos Cabu, Wolinski, Tignous e Honoré, e brincou imaginando as caricaturas que seu amigo teria criado para seus enterros.

Ontem, Paris também se despediu do caricaturista Philippe Honoré, mais conhecido como Honoré, e do revisor de origem argelina Mustapha Ourad.

EFE

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As polícias de Bélgica, França e Alemanha interrogaram ontem dezenas de islâmicos suspeitos, enquanto a maior parte da Europa continuava com níveis elevados de alerta de segurança, depois dos ataques da semana passada em Paris e de outras operações belgas em que dois homens armados acabaram mortos.

Em Paris, houve um princípio de pânico quando um homem armado fez várias pessoas reféns numa agência dos correios localizada num subúrbio ao norte da capital. O cerco ao local acabou quando ele se entregou à polícia e ninguém ficou ferido. Autoridades disseram não poder confirmar se o incidente tinha relação com terrorismo.

A polícia belga interrogou 13 suspeitos e a França deteve duas pessoas a pedido da Bélgica, um dia depois de dois homens armados terem sido mortos durante uma operação policial contra um grupo islâmico que, segundo as autoridades, planejava um ataque contra alvos policiais.

A polícia francesa informou ter detido 12 pessoas suspeitas de ajudar os islâmicos armados por trás dos ataques de semana passada contra o jornal Charlie Hebdo e um supermercado judeu em Paris.

Autoridades disseram que não está claro se existe uma ligação entre o suposto complô belga e os ataques de Paris na semana anterior, mas descreveram ambas as situações como uma mesma ameaça.

"Há uma ofensiva terrorista", disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, a repórteres. "Enfrentamos a mesma ameaça."

Na Alemanha, a polícia prendeu duas pessoas após uma operação simultânea em 12 residências e uma mesquita. Um porta-voz da polícia disse que os suspeitos eram prováveis integrantes de uma célula extremista que recrutava combatentes para serem enviados à Síria.

Na Bélgica, uniformes policiais, explosivos e armas, incluindo quatro rifles AK-47, foram encontrados no apartamento onde os dois homens armados foram mortos na quinta-feira durante a operação deflagrada na cidade Verviers, no leste do país. As identidades dos homens mortos pela polícia não foram reveladas.

"Esse grupo estava a ponto de conduzir ataques terroristas com o objetivo de matar policiais nas ruas e delegacias", disse o porta-voz da promotoria belga, Eric Van Der Spyt.

Países muçulmanos sediam protestos violentos contra jornal

Na França, a demanda pela primeira edição do semanário Charlie Hebdo publicada após os ataques continuou alta ontem pelo terceiro dia consecutivo. Uma banca no centro de Paris relatou que um ladrão invadiu o local de madrugada e roubou todas as cópias do jornal satírico.

No entanto, ocorreram protestos violentos em alguns países muçulmanos contra o jornal devido à capa da nova edição, que traz uma caricatura do profeta Maomé.

Cerca de 200 manifestantes paquistaneses entraram em confronto com a polícia em frente ao consulado francês em Karachi após um protesto contra a revista. No Níger, um protesto acabou em violência quando manifestantes atearam fogo a igrejas e invadiram lojas administradas por cristãos. A polícia lançou gás lacrimogêneo contra uma multidão de centenas de pessoas, e barricadas de pneus em chamas foram vistas nas ruas.

O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, disse que um total de 12 suspeitos foi detido até agora em conexão com os ataques da semana passada em Paris, a maioria deles já conhecida da polícia pela prática de crimes comuns.

Mas os nervos continuam à flor da pele. A estação de trens parisiense Gare de l’Est chegou a ser esvaziada ontem por uma hora durante a manhã.

As forças de segurança belgas estão em alerta máximo. A emissora pública RTBF disse que os policiais foram orientados a não ficarem sozinhos nas ruas enquanto uniformizados. Algumas escolas judias em países como Bélgica e Holanda permaneceram fechadas.

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