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Quando o brigadeiro-general bonitão, influente e amigo pessoal de Bashar al-Assad desertou, deixou, além do alto cargo de comando na Guarda Republicana, uma série de dúvidas sobre as circunstâncias de seu rompimento com o regime baathista. Insatisfeito com a repressão militar, ele preferia uma estratégia que envolvesse diálogo com a oposição. Passou um ano afastado das funções - com o consentimento total de Assad, especula-se nos altos círculos de Damasco.

Mas o silêncio durou apenas 20 dias. Manaf Tlass dá sinais de querer falar e agir. O filho de um ex-ministro, nascido numa das poucas famílias sunitas próximas ao governo alauita, deu declarações pedindo "união contra os criminosos do regime". Prometeu atuar para unir a oposição síria. Ele parece ter iniciado ontem uma jornada diplomática em busca de um papel no pós-Assad - embora tenha evitado críticas abertas ao amigo. Ou ex-amigo.

Tlass, de 47 anos, viajou à Turquia e foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores Ahmet Davutoglu para discutir o futuro político da Síria. Mas ao diário saudita "Asharq al-Awasat", garantiu não estar atrás de poder.

- Estou buscando segurança e estabilidade para a Síria, e se tiver oportunidade de participar, como qualquer outro cidadão sírio, estarei pronto - declarou.

A movimentação de Tlass ocorre no momento em que o Ocidente busca um interlocutor de confiança para o vislumbrado período pós-Assad, uma tarefa complexa diante da fragmentada oposição síria. O militar já desponta na preferência de Washington, segundo fontes ouvidas pelo "Wall Street Journal". Em parte, devido ao conhecimento do aparato de segurança e até pela própria identidade sunita, setor que representa a maioria da população síria.

"Estamos discutindo maneiras de colocar o desertor de mais alta patente no centro da transição política", admite uma fonte.

Mas, ainda que ele tenha se rebelado, observadores lembram que Tlass é da elite, identificado com os Assad - o que põe em xeque sua capacidade de conquistar a confiança da oposição.

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