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O primeiro ex-comunista a virar chefe de Estado da Itália deve tomar posse nesta segunda-feira, enquanto o premiê Romano Prodi dá os últimos toques em sua coalizão de governo para colocar fim a mais de um mês de indefinição política.

O recém-eleito presidente Giorgio Napolitano, de 80 anos, deve tomar posse às 17h (12h em Brasília) e pedir a Prodi que forme um governo, cinco semanas depois de o líder da centro-esquerda ter vencido uma das eleições mais disputadas da história do país.

Prodi passou o final de semana mantendo negociações com sua coalizão, a União, conversando com os vários partidos em meio a demandas conflitantes sobre cargos. O futuro premiê tenta formar uma equipe capaz de continuar unida em vista da agressiva oposição liderada por Silvio Berlusconi.

- Acho que temos um acordo e não há mais problemas, inclusive para os cargos de vice-premiês - afirmou Prodi no domingo.

Mas muitos dos aliados dele disseram que as desavenças entre os partidos aliados dificultavam a formação, pelo próximo premiê, de um gabinete de governo.

- Isso não é, certamente, nada bonito de se ver - afirmou Clemente Mastella, líder do pequeno partido cristão-democrata Udeur, criticando os dois maiores partidos da coalizão por se enfrentarem na disputa pelo cargo de vice-premiê.

Massimo D'Alema, presidente dos Democratas de Esquerda (DS), partido que deve ficar com a chancelaria, afirmou desejar ser o único vice de Prodi. A declaração deixou insatisfeito o segundo maior partido da coalizão, o Margherita (Margarida), que deseja ver seu líder, Francesco Rutelli, também ocupando um cargo de vice-premiê.

D'Alema, cujos planos de se transformar em chefe de Estado foram frustrados pela oposição de Berlusconi, declarou serem "difamações" as reportagens sobre as supostas pressões feitas por ele sobre Prodi para não dar o cargo de vice (sem poderes efetivos) a Rutelli, que deve ser ministro da Cultura do país.

- Para nós, a seriedade política prevalece sobre as ambições pessoais - disse D'Alema ao jornal La Repubblica. - Não há impasse. Não sentimos a necessidade de ter dois vice-premiês.

A maioria apertada de Prodi no Parlamento significa que o novo dirigente precisa garantir a unidade entre sua base -- algo raro na política italiana. A primeira passagem dele pelo poder terminou repentinamente, em 1998, quando o Partido Comunista abandonou o governo.

Berlusconi, que diz ter sido roubado nas eleições de abril -- ao conquistar o controle da Câmara Baixa do Parlamento, a coalizão do novo dirigente obteve apenas 25 mil votos a mais que os adversários, em um universo de 38 milhões de votos --, previu que o novo governo ruirá em poucos meses.

A desavença entre os dois maiores partidos da centro-esquerda não significa um bom sinal para os planos deles de se fundir. "Os dois deveriam formar um partido juntos, mas eles discutem por qualquer coisa", disse Mastella.

O próprio Mastella deu indícios de que pode abandonar a coalizão se não receber o cargo de ministro de Defesa.

Prodi pensa em oferecer esse cargo -- e a responsabilidade por tirar os mais de 2.000 soldados italianos mantidos no Iraque -- à ex-comissária da União Européia (UE) Emma Bonino, do partido Rosa em Punho.

Os pacifistas presentes na coalizão, que defendem a saída imediata dos militares italianos, dizem que não vão tolerar Bonino, considerada por eles um político belicista. Prodi afirmou que deseja retirar os militares rapidamente, mas que precisa antes realizar consultas com os aliados da Itália e com o governo iraquiano.

Parece não haver dúvidas, de outro lado, sobre quem ficará com um dos cargos mais importantes e mais difíceis do novo governo.

O ex-integrante da direção do Banco Central Europeu Tommaso Padoa-Schioppa deve ficar com a pasta da Economia, assumindo a responsabilidade por reavivar uma economia hoje claudicante e conter os gastos e o déficit públicos.

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