• Carregando...
Alan Jara abraça o filho e a mulher, logo após ser solto pelas Farc, em Villavicencio, na Colômbia | Mauricio Duenas/AFP
Alan Jara abraça o filho e a mulher, logo após ser solto pelas Farc, em Villavicencio, na Colômbia| Foto: Mauricio Duenas/AFP

Em coletiva, Jara relata drama da vida na selva

Ao ser libertado, Alan Jara deu uma entrevista coletiva onde relatou os momentos dramáticos do cativeiro – como o caminhar pela selva atado a correntes – e fez observações irônicas ou chistosas sobre a fauna ou o cardápio monótono. Conhecido por ser o "professor' da selva – dava aula de inglês e russo todos os dias –, o engenheiro civil formado em Kiev citou seus colegas sequestrados por nome. Contou que dois deles, punidos pela guerrilha, estão presos um ao outro por correntes há dois anos.

Leia a matéria completa

  • Saiba mais sobre a libertação do ex-governador

Villavicencio - Às 14h12 (17h12 no Brasil), o helicóptero Cougar do Exército brasileiro que transportava Alan Jara aterrissou na cidade colombiana de Villavicencio, pondo fim a quase oito anos de seu cativeiro na selva. O filho do ex-governador de Meta – único, de 15 anos – correu até ele e o abraçou antes mesmo que ele descesse da aeronave. Jara puxou a mulher para o abraço conjunto.

A imagem foi o desfecho da segunda etapa da missão humanitária coordenada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e liderada pela senadora oposicionista Piedad Córdoba. Ela negociou a libertação unilateral de seis reféns pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que, fracas e desmoralizadas, tentam algum oxigênio político. A missão tem o apoio logístico do Brasil.

Magro, com cabelo grisalho, Jara, de 51 anos, disse que estava bem, no geral, mas que sofria de um problema na tireoide e em um olho. Ele seria submetido a checagem médica ainda na noite de ontem.

Em suas primeiras declarações, o ex-refém criticou duramente tanto as Farc quanto o governo do presidente Álvaro Uribe. Disse que ambos querem guerra na Colômbia. "Uribe não fez nada por nossa libertação.''

O ex-governador fez uma defesa enfática de uma negociação política com a guerrilha e anunciou sua entrada para o grupo de Córdoba, os Colombianos pela Paz.

Questionado, criticou a estratégia de cerco humanitário do governo – pressão militar ao redor de um perímetro onde há reféns. "Uma operação equivale a uma sentença de morte.''

Descreveu as Farc como débeis, mas não derrotadas. Disse que a guerrilha segue atraindo jovens. "As Farc não estão derrotadas de jeito nenhum. Há muita gente. Não vejo outra saída que não a negociada.''

O presidente Álvaro Uribe, desde a caribenha Santa Marta, felicitou Jara, mas devolveu as críticas ao grupo de Córdoba, que disse ontem ter conversado com um guerrilheiro "sério'' sobre libertações: "A paz nasce de uma grande determinação de derrotar o terrorismo. (...) A paz não nasce de ficar cortejando os terroristas.''

O ex-governador falou por quase duas horas com os jornalistas em Villavicencio, capital de Meta, a 115 km de Bogotá. "Estou disponível. Descansei sete anos e meio. Tenho todo o tempo do mundo.'' A rádio Caracol transmitiu pela internet.

* * * * * *

Interatividade

Você acha que o governo Álvaro Uribe tem trabalhado de maneira eficiente para libertar reféns?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br ou deixe o seu comentário abaixo.

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]