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Mohammed Zahir Shah, que reinou sobre o Afeganistão durante 40 anos, até partir para o exílio em 1973, morreu na segunda-feira (23), aos 92 anos. Seu reinado foi considerado um dos períodos mais pacíficos da história do país. "Com suprema dor, gostaria de informar aos meus compatriotas que Mohmmad Zahir Shah deu seu adeus a este mundo mortal", disse o presidente Hamid Karzai a jornalistas no palácio presidencial.

A TV estatal interrompeu suas transmissões habituais, e uma apresentadora de vestido e véu pretos anunciou a morte do ex-rei. Em seguida, houve orações e leituras de trechos do Corão. O ex-monarca morreu em sua cama, após passar meses doente.

Descrevendo-o como fundador da democracia afegã e símbolo da unidade nacional, Karzai anunciou três dias de luto oficial, com bandeiras a meio-mastro. Zahir Shah reinou de 1933 até ser deposto por um primo, em 1973. Viveu exilado na Itália até 2002, quando voltou ao Afeganistão como cidadão comum - embora tenha recebido o título honorífico de "pai da pátria". "Quando vi as montanhas do meu país, meu povo, meus amigos - o que seria melhor que isso?", declarou ele logo após o regresso. "Só desejo ser capaz de fazer coisas pelo meu país e servi-lo."

Zahir Shah vinha de uma longa linhagem de governantes da etnia pashtun, e era parente distante de Karzai. Nascido em 15 de outubro de 1914, em Cabul, Zahir Shah estudou na França e voltou ao Afeganistão para o serviço militar. Ascendeu ao trono depois que seu pai foi assassinado por um estudante descontrolado.

Durante duas décadas, o rei intelectual permaneceu às sombras, tendo três tios como regentes. Gradualmente, porém, foi acumulando confiança para, em 1953, assumir plenamente o poder, promovendo uma cautelosa modernização.

Por exemplo, apoiou o fim da obrigatoriedade da purdah (uso do véu para mulheres), usou divisas estrangeiras para modernizar a infra-estrutura medieval do país e conseguiu manter um equilíbrio entre interesses rivais de soviéticos e ocidentais.

Em 1973, passando férias na Itália, Zahir Shah foi deposto num golpe pacífico orquestrado pelo príncipe Daoud, seu primo e cunhado, que encerrou dois séculos de domínio da dinastia Durrani. Daoud acabou sendo morto num golpe, e desde a invasão soviética de 1979 o Afeganistão praticamente desconhece a paz.

Alguns afegãos se lembram com nostalgia do reinado de Zahir Shah, mas outros o consideram incompetente. O ex-rei será sepultado em um mausoléu ao lado do pai, numa colina com vista para Cabul.

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