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Exército tailandês monta guarda na frente de um clube militar onde o general líder do golpe, Prayuth Chan-Ocha, se reuniu com as facções que disputam o poder no país | Athit Perawongmetha/Reuters
Exército tailandês monta guarda na frente de um clube militar onde o general líder do golpe, Prayuth Chan-Ocha, se reuniu com as facções que disputam o poder no país| Foto: Athit Perawongmetha/Reuters

Perfil

Prayuth Chan-Ocha: o protagonista da mudança imposta aos tailandeses

O general Prayuth Chan-Ocha, um militar de carreira relacionado à Coroa tailandesa, protagonizou ontem o 12º golpe de Estado da Tailândia desde a queda da monarquia absolutista, em 1932.

Prayuth, chefe do Exército, declarou a lei marcial há três dias e obrigou os responsáveis pela crise que consome o país a sentarem para negociar. Contudo, vendo que o diálogo não produzia frutos, decidiu assumir todos os poderes.

Entre os militares, ele é um respeitado comandante, e, segundo seus colegas, amável e formal. Em política, Pratyuth está alinhado com o lado do opositor Partido Democrata e com os rivais do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto no golpe militar de 2006. Para a imprensa e para os defensores dos direitos humanos é um general a quem deve se prestar atenção.

Pratyuth nasceu em 21 de março em 1954, e se graduou na Academia Militar Chulachomklao Royal. Sua carreira foi determinada por seus primeiros estudos na Academia Preparatória das Forças Armadas, onde começou e fortaleceu amizade com Anupong Paochinda, com patente maior que a dele e participante no golpe militar em 2006.

19 golpes de Estado já foram tramados pelos militares na Tailândia desde o fim da monarquia absolutista em 1932. 12 deles foram bem-sucedidos. A atual crise teve início em 2006, com a queda do primeiro-ministro Thaksin Shinawatra.

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O Exército da Tailândia deu ontem um golpe de Estado, dois dias após declarar lei marcial sob o pretexto de solucionar a crise política no país depois mais de oito meses de protestos antigovernamentais. "Em nome da lei e a ordem, assumimos os poderes. Por favor, permaneçam em calma e continuem com seus afazeres diários", disse o comandante do Exército tailandês, Prayuth Chan-Ocha, em um anúncio transmitido pela televisão pouco antes das 17h (7h de Brasília).

O chefe do Exército, Prayu­­th Chan-Ocha, tomou o poder após declarar fracassada uma reunião entre membros do Executivo interino e opositores para buscar uma solução para a crise. A Constituição do país, redigida pelos militares em 2007, um ano após o golpe de Estado contra Thaksin Shinawatra foi suspensa.

Na terça-feira (20), o Exérci­­to tailandês decretou lei marcial no país, após vários meses de crise política e de manifestações contra o governo, ocupando as ruas de Bancoc e censurando a imprensa. Pe­­la manhã, soldados e veículos blindados guarneciam diversas posições no centro da capital, principalmente no bairro comercial, no setor dos hotéis e na zona das estações de televisão.

Durante a madrugada de terça, ao declarar a lei marcial, o Exército destacou que a medida "não constituía um golpe de Estado, e teria por objetivo restaurar a paz e a ordem pública".

O governo da Tailândia rea­­giu ao anúncio afirmando que não foi consultado pelos militares sobre a lei marcial e que o primeiro-ministro interino, Niwattumrong Boonsongpaisan, permanece no poder.

Crise

A Tailândia vive uma grave crise desde o golpe de Estado que derrubou em 2006 o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, acusado pelos opositores de comandar o governo do exílio.

Com a lei marcial, o Exérci­­to assumiu o papel de mediador da crise após oito meses de protestos antigovernamentais que deixaram 28 mortos e centenas de feridos.

Os manifestantes exigiam uma reforma do sistema político, que consideram corrupto, e propunham a criação de um conselho não eleito para implementar mudanças antes da realização de uma votação.

Estados Unidos criticam ação do exército

Agência Estado

O governo norte-americano criticou os líderes militares da Tailândia por terem tomado o poder por meio de um golpe de Estado, expressando desapontamento e alerta com relação às implicações negativas nas relações entre os dois países. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em viagem ao México, disse que não havia motivos para a queda do governo tailandês, que ocorreu depois de meses de turbulência interna.

"O episódio terá implicações negativas para a relação entre os Estados Unidos e a Tailândia, especialmente pelo nosso relacionamento com as suas Forças Armadas", disse Kerry.

A declaração do chanceler norte-americano pode desencadear uma série de medidas nos EUA que tenham o objetivo de restringir vários programas de cooperação e de ajuda ao território tailandês.

"Estou desapontado com a decisão dos militares tailandeses de suspender a Cons­­tituição e tomar o controle do governo depois de um longo período de tumultos políticos. Não há justificativa para esse golpe militar", condenou Kerry.

O Pentágono informou, ontem, que está revendo os laços militares com a Tailândia.

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