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Manifestante queima a bandeira da França, que quer impor uma zona de exclusão aérea na Líbia | Mahmoud Tawil
Manifestante queima a bandeira da França, que quer impor uma zona de exclusão aérea na Líbia| Foto: Mahmoud Tawil

Mudança

Sultão de Omã faz concessões

Muscat - O chefe de Estado de Omã decidiu ceder alguns poderes legislativos para um conselho eleito parcialmente, em um aparente esforço para conter os protestos no sultanato do Golfo Pérsico.Segundo o governo, o sultão Qaboos bin Said vai dobrar o valor da ajuda da previdência social e dos benefícios das pensões, tornando-se o mais recente governante do golfo a oferecer dinheiro aos cidadãos depois da série de distúrbios que abalaram a maior parte do mundo árabe.

Omã, um país produtor de petróleo, foi tomado por protestos em pelo menos duas cidades no mês passado. Uma pessoa morreu. O sultão, que governa o Omã há 40 anos, demitiu vários ministros na reforma ministerial recente. Ontem, fez sua maior concessão, anunciando que iria oferecer poderes legislativos ao Conselho de Omã. Atualmente, apenas o sultão e seu gabinete podem legislar.

O conselho, que antes só oferecia assessoria política, é formado pelo Conselho Shura, que é eleito, e pelo Conselho de Estado, composto por integrantes nomeados pelo próprio sultão. "Uma comissão técnica de especialistas deverá ser constituída para desenvolver o projeto de alteração da Lei Fundamental do Estado", disse a agência estatal de notícias, citando o decreto real de ontem.

O grupo terá que apresentar um relatório em 30 dias. A iniciativa do sultão foi recebida com ceticismo e esperança pelos manifestantes, que passaram dias acampados diante do Conselho Shura para exigir emprego, melhores condições de vida e reformas políticas. O anúncio do sultão ocorreu no dia em que os trabalhadores em duas empresas entraram em greve para exigir aumento salarial, com os protestos no sultanato atingindo o setor privado.

Reuters

Após retomar mais de 140 quilômetros de território rebelde nos últimos quatro dias, o Exército líbio prometeu "purgar’’ o resto do país ao reconquistar Brega. Depois de Al Uqaila, na estrada costeira, os soldados governamentais tomaram o controle de Al Busher e bombardearam Brega, cidade petroleira estratégica que fica a 240 quilômetros de Benghazi.

As tropas agora avançam rumo a Ajdabiyah, última cidade a caminho de Benghazi, considerada o bastião da oposição na região leste. No oeste, os rebeldes dizem ter contido o contra-ataque das tropas do ditador Muamar Kadafi em meio a violentos confrontos. Dezenas de rebeldes fugiram de Brega em veículos que transportavam baterias antiaéreas para se posicionar em Ajdabiya, 80 km mais ao leste. "Os grupos terroristas fogem diante dos ataques. Libertamos Zauiya, Al Uqaila, Ras Lanuf, Brega e o exército avança para limpar o resto do país", advertiu o coronel Milad Hussein.

Em resposta, os oposicionistas alertaram para uma grande batalha em Ajdabiyah, "cidade vital’’ cuja "defesa é muito importante’’, indicou Abdul Fatah Yunis, comandante dos rebeldes.

De acordo com a oposição, as tropas leais a Kadafi usaram tanques, navios de guerra e bombardeiros aéreos durante o ataque a Brega. Enquanto isso, o regime busca reconquistar a confiança das indústrias petroleiras.

As tropas de Kadafi ocuparam, também no oeste, a cidade de Zauiya, o posto avançado rebelde mais próximo da capital. O regime comemorou "sua vitória" após duas semanas de combates. Mas os insurgentes continuam controlando Misrata (150 km ao leste da capital). A companhia petroleira nacional líbia anunciou que os portos petroleiros agora estão "seguros" e "operacionais", pedindo aos empregados do setor que voltem ao trabalho e às sociedades estrangeiras que reiniciem as exportações de petróleo.

Ação militar externa

Um dia após apoiar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, a Liga Árabe reiterou que não é tarde demais para uma ação militar externa no país. No Cairo, em reunião com a chanceler da Espanha, Trinidad Jiménez, o secretário-geral do bloco, Amr Moussa, disse que ainda há tempo para "proteger a população civil e parar o massacre’’. Em reação, o regime líbio afirmou que o pedido é baseado em "alegações falsas’’.

Moussa, que deve concorrer à Presidência do Egito, acrescentou que os países árabes defendem somente uma ação multilateral coordenada pela ONU, ao invés de intervenções militares estrangeiras.

A Espanha disse que participaria das operações aéreas desde que tenham o aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a França reiterou que trabalha para convencer as potências a coordenarem uma ação militar no país.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, deve iniciar hoje uma rodada de conversas sobre a crise líbia em visita a países da Europa e do Oriente Médio.

Ontem, a tevê estatal disse que, após tomar o controle dos campos em Ras Lanuf, as empresas estrangeiras contam com um ambiente de segurança para a retomada de suas operações.

Na mesma cidade, no entanto, batalhas deixaram instalações da italiana Eni SpA em chamas, levando o governo a pedir ajuda da empresa para extinguir o incêndio. Embora avance em território, o regime do ditador líbio fica cada vez mais isolado diplomaticamente.

Al-Qaeda

Um responsável da Al-Qaeda, Abu Yahya al Libi, chamou os insurgentes a continuarem seu combate "sem hesitação e sem medo", em gravação de vídeo difundida por sites islamitas. Essa é a primeira reação dessa rede terrorista desde o início da insurreição em 15 de fevereiro, cuja autoria o coronel Kadafi atribui com frequência.

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