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Trípoli, Líbano – Tanques do Exército libanês dispararam ontem contra o campo de refugiados palestinos Nahr al-Bared, no segundo dia de combates com militantes do grupo radical Fatah al-Islam, que deixaram pelo menos 79 mortos. O campo, onde vivem cerca de 40 mil palestinos, fica perto da cidade de Trípoli, norte do Líbano. Cerca de 400 mil refugiados palestinos vivem hoje no Líbano, onde perfazem 10% da população.

Rolos de fumaça negra saíam do campo, enquanto combatentes do Fatah al-Islam – grupo acusado de ter ligações com a Al-Qaeda – revidavam com disparos de metralhadora e granadas de morteiro. Os confrontos levaram milhares de palestinos a deixar suas casas.

O líder do grupo palestino Hamas, Khaled Meshal, exilado na Síria, pediu ao governo libanês que garanta a segurança dos civis que vivem no campo. Abu Salim, porta-voz do Fatah al-Islam, disse que o grupo podia estender seus ataques além de Trípoli se o Exército não cessasse seus ataques.

Uma trégua foi declarada à tarde, permitindo a entrada de funcionários da ONU e da Cruz Vermelha e a retirada de alguns feridos. Segundo fontes, 150 foram feridas nos combates.

Mas à noite uma explosão ocorreu em Beirute, no distrito de Verdun, em uma área predominantemente muçulmana sunita, deixando pelo menos sete feridos. Segundo a rede de tevê Al-Manar, do Hezbollah, a explosão ocorreu em um veículo estacionado perto do Centro Cultural Russo.

No domingo à noite, uma bomba explodiu diante de um shopping center em um bairro do setor cristão da capital, matando uma mulher e ferindo outras 12 pessoas. Nenhum grupo assumiu a autoria dos atentados, que semearam o pânico após meses de calma.

Os combates entre o Exército e o Fatah al-Islam, além dos novos ataques à bomba na capital, podem ser mais um fator de desestabilização no Líbano, que já enfrenta uma crise política entre o governo pró-Ocidente e a oposição pró-Síria, além de tensões sectárias desde a guerra entre Israel e o Hezbollah entre julho e agosto do ano passado.

O governo diz que o Fatah al-Islam é uma ferramenta da Síria para prejudicar os esforços da ONU para estabelecer um tribunal que julgará os suspeitos do assassinato, em fevereiro de 2005, do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri. Uma investigação da ONU implicou funcionários de alto escalão da Síria e libaneses no atentado à bomba.

A Síria rejeitou ontem as acusações de que mantém ligações com o Fatah al-Islam, argumentando que tentou prender os líderes do grupo, até mesmo por meio da Interpol. O partido laico Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, condenou ontem os confrontos e disse que não tem nenhuma ligação com o grupo. O Fatah al-Islam foi criado em novembro após uma cisão do Fatah al-Intifada, um grupo palestino apoiado pela Síria.

Os confrontos entre o Exército e o grupo começaram na madrugada de domingo, quando policiais invadiram um apartamento ocupado pelos militantes radicais em busca de ladrões que haviam assaltado um banco na cidade de Amyoun. Entre os militantes mortos está Saddam El-Hajdib, o quarto na liderança do grupo e acusado por um fracassado atentado contra um trem na Alemanha.

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