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Um militar paquistanês de alta patente disse que o bombardeio da Otan que matou 24 soldados do Paquistão na fronteira com o Afeganistão, no mês passado, foi planejado com antecedência, e alertou que incidentes desse tipo podem se repetir.

O ataque causou um forte abalo nas relações entre os Estados Unidos e o Paquistão, e as declarações do general Ashfaq Nadeem, diretor-geral de operações militares do Paquistão, devem complicar ainda mais a situação.

Em depoimento na quinta-feira ao Senado do seu país, Nadeem afirmou também que o Paquistão pretende instalar um sistema de defesa antiaérea ao longo da fronteira, para impedir ataques como o de novembro.

As declarações foram divulgadas nesta sexta-feira pela imprensa local, e confirmadas à Reuters por um senador que estava presente.

De acordo com o jornal Express Tribune, Nadeem falou em uma "conspiração pré-planejada" e alertou que o país "pode esperar mais ataques dos nossos aliados".

As circunstâncias do incidente ainda não estão claras. Segundo os EUA, soldados norte-americanos presentes na região da fronteira foram alvejados por disparos feitos no lado paquistanês, e pediram apoio aéreo, sem saber da presença de colegas paquistaneses na região.

Mas Nadeem descartou a hipótese de que as forças da Otan achassem que estavam bombardeando militantes. Uma das razões para isso, segundo relato de um dos jornais, seria que os militantes não se expõem no topo das montanhas, posição ocupada pela guarnição de fronteira paquistanesa.

O senador Tariq Azim também disse ter ouvido do general que os helicópteros da Otan miraram especificamente um major que ia de um posto fronteiriço ao outro, depois de perder a comunicação, e que isso também sugere um ataque planejado.

O Paquistão reagiu ao ataque suspendendo as rotas de abastecimento para as forças da Otan no Afeganistão, e boicotando uma conferência realizada nesta semana na Alemanha para tratar do futuro afegão.

Depois do incidente, o presidente dos EUA, Barack Obama, telefonou para o seu colega paquistanês, Asif Ali Zardari, oferecendo condolências, mas não um pedido de desculpas.

Obama tem interesse em não romper com o Paquistão, que se aliou em 2001 a Washington para o combate a militantes islâmicos da região.

As relações bilaterais já estavam desgastadas por causa de bombardeios anteriores dos EUA em território paquistanês, e da ação militar secreta de maio que levou ao assassinato do fundador da Al-Qaeda, Osama bin Laden, numa cidade do Paquistão.

Além disso, alguns políticos dos EUA acusam os serviços paquistaneses de inteligência de colaborarem com militantes que cometem ataques contra forças norte-americanas.

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