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| Foto: museu metropolitano de arte

Se quiser saber como os museus estão mudando suas filosofias e programas em tempos de pressão financeira cada vez maior e de aumento contínuo de privatizações, basta dar uma olhada em seus sites, a ferramenta mais visível e informativa que possuem.

Em 2013, a página do Walker Art Center de Mineápolis postou um artigo de Michael Govan, diretor do Museu de Arte do Condado de Los Angeles, que resumia bem as discussões sobre o futuro dos museus realizadas por seus diretores. Ele escreveu: "As forças externas da Internet e das redes sociais, combinadas com os esforços próprios da instituição para criar mostras e programas mais educativos, não deixam dúvidas de que a relação entre o museu e seu público tem potencial para redefinir o futuro de formas ainda inimagináveis".

Uma coisa é certa: os sites dos museus se tornaram muito mais úteis. Há pouco tempo o

Museu de Arte Americana Whitney, em Nova York, colocou sua coleção de mais de 21 mil objetos e mais de três mil artistas on-line em um formato fácil de usar, com páginas de miniaturas em ordem alfabética. É divertido navegar ali para ver quais são os artistas mais populares, descobrir aqueles de que nunca ouviu falar e imaginar que fim levaram.

Alguns sites, como o do Museu Metropolitano de Arte, também oferecem artigos de obras específicas, como a de Pieter Bruegel, o Velho, "The Harvesters" (1565). O site do Louvre tem um informativo especial sobre a Mona Lisa. Acompanhado de comentários em áudio, mostra detalhes impossíveis de serem vistos pessoalmente, incluindo a parte de trás da pintura. Já o do Vaticano oferece meios incríveis de análise da Capela Sistina por todos os ângulos.

Uma novidade relativamente recente é a publicação dos catálogos de exposições on-line. Em 2014, o Instituto de Arte de Chicago publicou "James Ensor: The Temptation of Saint Anthony" (1887), que analisa um desenho complexo composto por 51 folhas de papel coladas. Tem também os tradicionais artigos acadêmicos, além de imagens em alta resolução que revelam detalhes que, do contrário, jamais seriam notados pela observação a olho nu.

Uma tendência futura que está chegando é a troca de material entre museus. Uma página no site da Galeria Nacional de Arte de Washington, sobre "Retrato de uma Dama" (1460), de Rogier van der Weyden, traz uma discussão extensa sobre a pintura, mas, no final, sob o título "Fontes Relacionadas", um detalhe surpreendente: um link para a matéria na Linha do Tempo da História da Arte de Heilbrunn, do Met, "Burgundian Netherlands: Court Life and Patronage" ("A Holanda Burgundiana: Vida na Corte e Patronato").

Mais cedo ou mais tarde todos os sites dos museus estarão interligados de forma a poderem tirar vantagem dos trabalhos acadêmicos produzidos entre si.

Eles também estão tentando expandir e aprofundar seu alcance sobre o público com blogs e outros programas sociais interativos.

Qual a tendência do futuro? O Museu Britânico tem a resposta na frase que conclui sua seção "Quem Somos": "O site não é meramente uma fonte de informação sobre a coleção e o museu, mas uma extensão natural de seu propósito básico de ser um laboratório de investigação cultural comparativa".

Em Londres, o diretor da Tate, Nicholas Serota, previu em 2009 que, embora os museus continuem arraigados aos prédios que ocupam, "vão atingir o público ao redor do mundo, tornando-se assim um local para discussões internacionais. E as instituições que adotarem esse conceito com mais rapidez e mais ousadia serão aquelas que terão autoridade no futuro".

No artigo "Tate Digital Strategy 2013-15: Digital as a Dimension of Everything", John Stack, responsável pela transformação digital da galeria, também observou: "As publicações digitais devem se tornar uma fonte importante de renda no futuro", detalhe que deve preocupar aqueles que vêm se aproveitando dos catálogos gratuitos on-line.

O museu já foi um santuário e repositório de grandes obras de arte no qual a principal atividade do visitante era a contemplação silenciosa, mas conforme a demanda por relevância digital se torna mais forte, a questão é: como isso influencia a maneira como a arte é vista, encarada e avaliada?

Algo corre o risco de se perder nesse processo: a ideia de se aproximar da obra de arte nu, desarmado e aberto para sua forma verdadeira e não-virtual.

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