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Suspeitos rebeldes do grupo Tigres de Libertação do Tâmil Eelam (LTTE) mataram 64 pessoas num ataque com mina terrestre contra um ônibus em Sri Lanka na quinta-feira, no pior ato de violência cometido desde uma trégua acordada em 2002, desencadeando uma onda de ataques aéreos contra posições rebeldes.

O governo disse que os rebeldes detonaram duas minas terrestres do tipo "claymore" (que geram uma explosão dirigida a alvo específico) colocadas lado a lado numa estrada isolada próximo a território dominado pelos rebeldes, pulverizando com rolamentos de esfera o ônibus lotado de passageiros.

Num hospital na cidade de Anuradhapura, no centro-norte do país, pessoas choravam a morte de famílias inteiras.

- O ônibus foi derrubado - disse à Reuters a sobrevivente Chintha Irangani, de 37 anos. Ela estava levando seus três filhos a uma clínica, e os três morreram. - Havia sangue e pedaços de corpos por todo lado. Eu desmaiei. Vi os corpos de meus filhos no hospital.

Um cinegrafista da Reuters Television disse que a estrada ao lado do ônibus virado estava recoberta de sangue e estilhaços de vidro. No hospital, ele viu cadáveres queimados e despedaçados, incluindo os de muitas mulheres e crianças. Autoridades disseram que entre os mortos há 13 crianças.

A maior parte dos passageiros era da comunidade cingalesa, majoritária na ilha. O governo disse que a LTTE quis provocar uma reação étnica contra os tâmeis, que são minoria no país, para dar argumentos às reivindicações destes por um território tâmil separado.

- Precisamos reavaliar seriamente o acordo de cessar-fogo e possivelmente reestruturá-lo - disse em coletiva de imprensa o porta-voz do governo, Kehilya Rambukwella.

Depois do ataque, o presidente Mahinda Rajapakse foi a Anuradhapura para visitar as vítimas. Ele teria feito uma declaração breve dizendo que o governo continua comprometido com a paz.

Os Tigres Tâmeis negaram envolvimento no ataque. Poucos acreditam em seus desmentidos passados de responsabilidade por ataques semelhantes contra as forças do governo. Mais de 500 pessoas morreram desde o início de abril, e muitos temem a volta da guerra civil na ilha.

- Não temos nenhum envolvimento nesta matança de civis inocentes - declarou o chefe do secretariado de paz dos Tigres Tâmeis, S. Puleedevan.

- A mensagem é que eles não hesitarão diante de nada - comentou Jehan Perera, diretor do Conselho Nacional de Paz, um instituto de estudos. - Eles estão dizendo que, se suas reivindicações não forem atendidas, vão alvejar civis. Ou então podem estar tentando impelir o governo à guerra.

Os rebeldes disseram que o governo lançou ataques aéreos contra áreas rebeldes na região costeira nordeste do Sri Lanka e que houve baixas.

O governo não comentou qualquer retaliação, mas uma fonte militar disse que caças-bombardeiros Kfir, de fabricação israelense, estão sendo usados para atingir alvos rebeldes. Foram os primeiros ataques aéreos contra os rebeldes desde maio.

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