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Esquenta campanha para eleições presidenciais na França

Cartazes dos candidatos à Presidência francesa foram fixados nos painéis dispostos em frente aos 85 mil colégios eleitorais de todo o país.

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Na era da política centrada no carisma pessoal dos candidatos, os líderes da corrida presidencial na França, Nicolas Sarkozy e Ségolène Royal, enfrentam problemas de imagem que podem prejudicar suas ambições eleitorais.

Já que mais de 40 por cento dos eleitores continua indeciso sobre em quem votar no primeiro turno do pleito (marcado para 22 de abril), o perfil dos candidatos pode ser tão decisivo na disputa quanto suas plataformas políticas.

Mas nem Sarkozy, um direitista sem papas na língua, nem Royal, uma socialista pouco efusiva, estão conseguindo obter muitos votos por meio de seu carisma pessoal.

"Esses não são os candidatos que queríamos", reclamou Leila Hafed, 38, secretária em Paris.

"Eles não são muito calorosos. As pessoas acabam votando porque querem dar apoio à direita ou à esquerda, e não porque gostam realmente dos candidatos."

Apesar de os simpatizantes de Sarkozy verem-no como alguém trabalhador e decidido, os críticos do direitista acusam-no de ser hiperativo e cruel. Alguns cartunistas de jornal desenham Sarkozy como um pequeno Drácula.

Assessores dele, no entanto, dizem que o candidato é engraçado e gentil longe dos holofotes. Mas esse lado do direitista raramente surge em público, onde costuma aparecer dando declarações secas e agressivas, enquanto pequenos tiques nervosos chacoalham sua cabeça e ombros.

Nos guetos pobres que cercam muitas das grandes cidades francesas, a imagem de Sarkozy revela-se particularmente manchada. Quando ocupava o cargo de ministro do Interior, o hoje candidato prometeu livrar os subúrbios da "escória". A declaração foi dada em meio a uma onda de distúrbios de rua ocorrida em 2005.

"Sarkozy assusta as pessoas. Ele não bate bem da cabeça", afirmou Brahim Konate, 24, um desempregado que mora em Corbeil Essones (subúrbio do sul de Paris).

FACAS DESEMBAINHADAS

E não foram apenas os jovens insatisfeitos que investiram contra Sarkozy durante a atual campanha.

Um ex-colega de governo escreveu um livro acusando o candidato de 52 anos de ameaçá-lo de agressão física depois de ele ter criticado publicamente a famosa declaração do então ministro sobre a "escória" dos subúrbios.

"Trata-se de uma pessoa perigosa", disse Azouz Begag, que na semana passada renunciou ao cargo de ministro da Promoção de Oportunidades Iguais.

Royal também se viu apunhalada por um ex-aliado transformado em inimigo ferrenho.

Eric Besson, ex-assessor do Partido Socialista para assuntos econômicos, abandonou o partido no começo deste ano e publicou um livro no qual acusa a candidata de ser arrogante e incompetente.

"Ségolène Royal não deveria se tornar presidente da República. Eu não quero isso para meu país e tenho medo disso pelos meus filhos", escreveu Besson no livro "Quem Conhece a Senhora Royal?"

Apesar de estar quase sempre sorrindo, Royal, segundo adversários dela, é uma pessoa fria e calculista. E a candidata mostrou-se pouco à vontade ao entrar em contato com eleitores nas ruas e comícios.

"Ela é uma mulher muito forte. Mas eu fico imaginando se ela gosta de gente. A convivência não é o forte dela", afirmou Henri de Richemont, líder da oposição conservadora na Região de Poitou-Charentes, governada por Royal.

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