Baixar os níveis de colesterol "ruim" ao máximo pode reduzir o risco de doenças cardíacas, mas com um preço: se os níveis caírem demais, aumentaria também o risco de câncer, de acordo com pesquisadores americanos. Segundo a análise conduzida por eles, os pacientes que tomaram estatinas para diminuir seu colesterol corriam risco ligeiramente maior de ter câncer, embora a culpa pela doença não fosse das estatinas em si.
Os pesquisadores descobriram um caso extra de câncer a cada mil pacientes com os menores níveis de LDL -- lipoproteína de baixa densidade, o chamado colesterol ruim -- quando comparados com os pacientes com níveis mais altos de LDL. Richard Karas e seus colegas da Faculdade de Medicina da Universidade Tufts publicaram o trabalho na revista médica "Journal of the American College of Cardiology".
O trabalho deles foi uma das chamadas meta-análises -- a busca por padrões mais amplos em vários estudos já publicados. Eles avaliaram os registros de 41.173 pacientes em 23 diferentes estudos clínicos da ação das estatinas. "Os benefícios demonstrados das estatinas ao diminuir os riscos de doenças cardíacas continuam sendo claros; entretanto, alguns aspectos da diminuição de LDL por meio das estatinas continuam a ser controversos e merecem mais estudos", afirmou Karas em comunicado oficial.
Alguns especialistas lembraram que o público em geral pode não entender corretamente o estudo. "É preciso ter cuidado com essas coisas, porque as pessoas podem parar de tomar suas estatinas por medo do câncer e acabar morrendo de ataques do coração", afirmou John LaRosa, especialista em estatinas da Universidade do Estado de Nova York, que escreveu um comentário sobre o trabalho na mesma revista médica.
Para o pesquisador, o risco de doenças cardíacas é muito mais imediato. "A verdade é que não dá viver para sempre. Algo vai nos pegar -- se não for a doença cardíaca, vai ser o câncer ou o Alzheimer", diz LaRosa.
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