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A família da brasileira Benilda Caixeta, de 56 anos, aguarda uma resposta do Itamaraty nesta segunda-feira para saber se um dos parentes viajará aos Estados Unidos para reconhecer o corpo encontrado no apartamento onde ela morava, em Nova Orleans. A brasileira, usuária de cadeira de rodas, morava sozinha e fez contato com seus parentes pela última vez há duas semanas, sete horas antes da passagem do furacão Katrina.

- Estamos aguardando um telefonema do consulado para saber que procedimentos tomar, porque ela também tinha cidadania americana. O que sei é que enviaram uma delegação de Houston a Nova Orleans - contou Altair Carlos Caixeta, irmão de Benilda.

Ele disse ainda que passou à delegação informações sobre particularidades físicas de sua irmã.

- Nós informamos algumas de suas características físicas, como a existência de uma cicatriz no braço esquerdo, para que facilitar o reconhecimento - afirmou Altair.

Segundo a irmã de Benilda, Maria José Caixeta, devido à diferença de fuso horário, ainda é cedo para ter novas informações.

- Às 23h30m deste domingo, um funcionário do consulado me ligou e disse que nos daria uma posição até às 15h de hoje - contou Maria José.

Também nesta segunda-feira, o Itamaraty informou que realizará um pronunciamento para divulgar novas informações sobre o caso. A entrevista coletiva será concedida às 16h pelo Embaixador Manoel Gomes Pereira, chefe do Departamento das Comunidades Brasileiras no Exterior, no prédio do órgão.

O cônsul do Brasil em Houston, Carlos Pimentel, informou nesta segunda-feira que dois mil brasileiros estavam na região de Nova Orleans quando houve a passagem do furacão Katrina. Dos 99 pedidos de localização feitos ao Itamaraty, 78 foram bem sucedidos.

O caso de Benilda é o único entre os desaparecidos que vem sendo acompanhado pelas autoridades brasileiras. A família espera ansiosa por notícias.

- É importante acabar com a dúvida e deixar que só uma dor permaneça, se for o caso - afirmou a irmã de Benilda, Maria José Caixeta, em entrevista ao "Jornal Hoje".

De acordo com Pimentel, o fato de Benilda ter dupla cidadania pode atrapalhar o andamento do processo, uma vez que será necessário que os Estados Unidos aceitem dar prioridade ao caso da brasileira. Para o cônsul, a autorização pode não ser conseguida, o que deixou a família da brasileira desanimada.

- Depois que soube que talvez os Estados Unidos não queiram dar prioridade ao caso, ficamos desanimados. Não queremos nem mais ver reportagens sobre o caso. A minha mãe, que tem 79 anos, nem pode pensar mais na situação - desabafou Maria José, em uma entrevista por telefone.

Neste domingo, foi encontrado o corpo de uma mulher no apartamento em que Benilda morava em Nova Orleans. Ainda não há confirmação se o corpo seria o da brasileira.

Segundo o programa 'Fantástico', da TV Globo, o corpo encontrado no apartamento de Benilda era de uma mulher branca e de cabelo escuro, descrição que condiz com a da mineira. Ao lado dele, foi achada uma cadeira de rodas.

A notícia de que um corpo havia sido encontrado no apartamento da brasileira foi dada no domingo pelo Ministério das Relações Exteriores. O Itamaraty pediu que o Consulado brasileiro em Houston acompanhe o trabalho de identificação do corpo.

"A DAC foi informada de que pessoas haviam entrado na residência da senhora Caixeta. O MRE instruiu imediatamente o Consulado-Geral em Houston para que entre em contato com as instituições e órgãos competentes norte-americanos com vista à urgente identificação do corpo lá encontrado e que envie rapidamente um funcionário para acompanhar esse trabalho", afirmou o ministério em nota oficial.

Benilda mora sozinha em um apartamento no andar térreo totalmente adaptado para sua deficiência física. Em agosto de 1977, após tratamento frustrado no Brasil, ela foi a Washington para tentar se curar do que a família descreve como "paralisia no crescimento dos nervos do corpo", uma doença que estava afetando todos os seus movimentos.

Já em Nova Orleans, depois de uma cirurgia mal-sucedida, o quadro da mineira que tem cidadania americana evoluiu à paraplegia e, após algum tempo, à tetraplegia. Apesar da doença, Benilda preferiu fixar residência nos EUA.

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