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Londres (AE/EFE/Folhapress) – A família de Jean Charles de Menezes, o jovem brasileiro morto por engano pela polícia britânica, que o confundiu com um terrorista, reforçou ontem o apelo para que governo de Tony Blair " puna o assassino". O corpo de Menezes partiu ontem de Londres, em um vôo da Varig, e deve chegar hoje a São Paulo, de onde seguirá para Governador Valadares em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). De lá, sairá o cortejo rumo a Gonzaga, a cidade onde o eletricista brasileiro, de 27 anos, será sepultado. Os primos de Menezes que vivem em Londres, Alex e Alessandro Pereira, Patrícia da Silva e Vivian Figueiredo, exigiram ontem medidas "para que a morte de um inocente não fique impune".

Menezes, que foi para Londres há cinco anos movido pelo sonho de melhorar de vida, foi morto em um vagão do metrô de Londres por policiais vestidos à paisana que buscavam os suspeitos do atentado frustrado de 21 de julho contra três estações de metrô e um ônibus da capital. Ele recebeu sete na cabeça e um no ombro, após uma perseguição pela estação de Stockwell. Segundo a polícia, o jovem não parou quando os agentes o abordaram, por isso atiraram nele à queima-roupa antes que ele pudesse detonar uma bomba.

Patrícia da Silva, que vivia com o primo em Londres, disse que ele estava legalmente no país e pediu ao governo britânico que reconsidere a política de "atirar para matar".

A família levou o caso à advogada Gareth Pierce, conhecida mundialmente por defender causas ligadas aos direitos humanos. Peirce fez críticas veementes à ação da força policial. "Não se pode falar em erro quando Jean foi morto com oito tiros. A polícia mostrou uma pré-determinação de matar", disse.

Prometendo trabalhar pela punição dos culpados e exigindo o fim da política policial de atirar para matar, a ativista de direitos humanos Bianca Jagger, ex-mulher do vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, cobrou ontem um pronunciamento do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o caso. Embora não tenha falado publicamente sobre o assunto, o presidente Lula telefonou ontem para a família de Menezes e falou com o pai do brasileiro, Matosinhos Otoni da Silva, e com o irmão, Giovani da Silva. Lula apresentou "suas condolências" e disse que o governo inglês pediu "formalmente" desculpas à família e ao país. O presidente será representado em velório de Menezes pelo sub-secretário de Direitos Humanos, Mário Mamede.

Gonzaga

Na pequena Gonzaga, faixas e panos pretos nas portas das casas indicam que a cidade está em luto. Dos cerca de 6 mil moradores, metade vive na área rural, como Matosinhos e Maria, pais de Jean Charles. A prefeitura local programou uma carreata até o aeroporto de Governador Valadares para que todos possam voltar até Gonzaga em cortejo, acompanhando o corpo de Menezes. A família ainda não decidiu se o velório será na Igreja Matriz de São Sebastião ou na escola onde Jean Charles estudou. O sepultamento será no único cemitério de Gonzaga, onde repousam os avós do rapaz. Muito abatida, Maria tenta conter as lágrimas enquanto espera o corpo do filho caçula. "Já chorei muito e decidi que vou parar", diz.

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