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A missa de corpo presente em memória de Augusto Pinochet , nesta terça-feira, em Santiago, foi marcada por forte emoção. Mas também pela defesa apaixonada dos ideais e das conquistas econômicas alcançadas pelo ex-ditador, que morreu no domingo aos 91 anos, nos discursos de uma filha e de netos.

A solenidade religiosa reuniu cerca de 5.000 pessoas, entre familiares, amigos, militares uniformizados e antigos colaboradores do regime que Pinochet comandou com mão-de-ferro entre 1973 e 1990. A única autoridade do governo presente foi a ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, que foi recebida com vaias. Os militares presentes à missa fizeram todos os rituais para o enterro de um ex-chefe de Estado, algo que o governo não permitiu, concordando apenas com honras de chefe militar, destacou o jornal "La Tercera".

Logo depois de o bispo Juan Barros lançar água benta sobre o caixão de Pinochet e dar por terminada a missa, foram entoados gritos de "Pinochet, Pinochet, aqui estamos outra vez". O religioso pediu unidade aos chilenos .

- Sei que para você o melhor presente seria ver o seu povo reunido aqui hoje, gritando o seu nome e mantendo viva a chama de liberdade que um dia, em setembro de 1973 foi semeada em nosso país para sempre - afirmou Lucía Pinochet, a filha mais velha do ex-ditador. - São outros os chamados para ressaltar sua obra como governante e estadista, para sua família e seus bons amigos nunca deixará de ser esse grande homem, sábio, bom e abnegado, cheio de humor e de profundidade, continuará sendo sempre um homem exemplar, que deu tudo de si pelo seu Exército e por sua pátria - acrescentou.

Lucía Pinochet agradeceu àqueles que acompanharam o seu pai "nos momentos mais difíceis na luta incansável" e aproveitou para criticar a imprensa internacional por, segundo ela, não compreender "como centenas de milhares de compatriotas desisteressados, informados democraticamente, sem nenhum tipo de pressão, sem prêmios são capazes de mostrar seu agradecimento e seu afeto por quem a imprensa classificou com os piores termos e epítetos que alguém pode proferir a um ser humano. Sem dúvida esta homenagem da gente mais humilde o encheria de felicidade, porque tudo o que ele (Pinochet) fez realizou pensando exatamente neles, nos mais pobres, nos mais desfavorecidos, aqueles que hoje são capazes de viver em paz, dar educação a seus filhos, ter um melhor presente e um melhor futuro".

Antes de Lucía Pinochet, a neta María José Martínez falou entre lágrimas:

- Gordinho, você não sabe o que daríamos para não tê-lo perdido, para lhe dar um abraço apertado, para tê-lo sempre por perto.

A mulher, que arrancou muitos aplausos concluiu dizendo que "confiamos que com a sua partida e a nossa dor as paixões se acalmem, mas tenha certeza de que, qualquer que seja a circunstância, ter seu sobrenome será sempre motivo de orgulho".

Depois dos discursos, os soldados dobraram a bandeira que cobria o caixão de Pinochet e a entregaram ao comandante-em-chefe do Exército, Oscar Izurieta. O oficial, então, entregou a bandeira à viúva do general, Lucía Hiriart.

Ainda nesta tarde, o corpo de Pinochet será trasladado de helicóptero até Concón, na Quinta Região, onde será cremado no cemitério Parque del Mar.

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