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Dinheiro e conexões

As sucessivas candidaturas com o mesmo sobrenome são primordialmente frutos dos suspeitos usuais na política: dinheiro e conexões. Pesa também a familiaridade dos eleitores, o que anima a base para escolha nas primárias – porque associa o nome a vitória – e elimina o esforço de propaganda.

Os patriarcas da maior democracia liberal do mundo declararam a independência dos EUA, entre tantos motivos, por considerarem absurda a ideia de que o governo de um povo pudesse ser monopólio de uma linhagem real. Porém, se olhassem para o cenário de 2014, os fundadores teriam bons motivos para acreditar que falharam no legado. Nos últimos dois meses, cresceu o movimento pela pré-candidatura do ex-governador da Flórida Jeb Bush à Presidência pelo Partido Republicano.

Nomeado, seriam imensas as chances de Jeb, que é filho e irmão de ex-presidentes, enfrentar em 2016 a ex-primeira-dama, ex-senadora e ex-secretária de Estado Hillary Clinton, líder isolada na preferência dos democratas. Esse embate colocaria a Casa Branca 24 anos sob o comando de apenas duas famílias, num intervalo de 32 anos de História.

As dinastias políticas nos EUA, porém, não estão relacionadas apenas à presidência. Nas eleições deste ano, que renovarão parte do Congresso e decidirão legislaturas e Executivos estaduais, a tradição da política em família anda mais forte do que nunca. Por exemplo, entre os sobrenomes internacionalmente conhecidos, Jason Carter, senador estadual, está concorrendo ao governo da Geórgia com a bênção e a rede de doadores do avô e ex-presidente Jimmy, que ocupou os mesmos cargos.

Em Connecticut, o democrata Ted Kennedy Jr., filho do falecido senador, lenda de mesmo nome, e sobrinho do ex-presidente John, vai disputar o Senado estadual. Os Bush também têm cria concorrendo este ano. O filho de Jeb, George P. Bush, é o candidato republicano a comissário para Assuntos Fundiários do Texas.

Clã Kennedy funciona como uma exceção na história americana

Segundo o cientista político Larry Sabato, diretor do Centro de Política da Universidade de Virgínia e criador do projeto "Bola de Cristal", que faz previsões eleitorais, a influência de famílias tradicionais na política é uma tradição americana.

Especialistas, porém, recomendam não confundir o sucesso dos brasões familiares com fascínio do público por dinastias. Os Kennedy são uma exceção. Arrebataram corações e mentes dos eleitores, sendo considerados uma espécie de família real americana, pelo poder da propaganda, do charme pessoal de JFK, a primeira-dama Jacqueline e seus belos filhos e da influência dos irmãos Bob e Ted. O assassinato do presidente deu a pitada de drama e criou o mito de Camelot.

"O que ocorre é que as conexões políticas e a experiência são grandes vantagens na política americana. Esses laços garantem reconhecimento imediato dos nomes junto à base, acesso às fontes de financiamento, pois doadores costumam ser leais, e conhecimento de como gerenciar campanhas. É um pacote vencedor", afirma o cientista político Allan Lichtman, da American University.

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