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A confirmação de um segundo brasileiro entre os 72 imigrantes assassinados na travessia do México para os Estados Unidos coloca fim em apenas um dos dramas vividos por duas famílias na região do Vale do Rio do Doce, em Minas Gerais. A identificação do corpo de Hermínio Cardoso dos Santos, de 24 anos, foi confirmada pela Secretaria de Estado de Defesa Social, na noite dessa quarta-feira (15), mas continua a espera pela chegada dos corpos ao Brasil.

O site G1 falou com o Itamaraty e com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social na manhã desta quinta-feira (16). Os dois informaram, por telefone, que não há previsão de data para o traslado. Segundo Maria da Glória Aires, tia de Juliard Aires Fernandes - primeiro brasileiro a ser identificado -, um perito teria informado à família que o corpo do sobrinho está liberado e deve chegar ao Brasil até o fim da próxima semana.

A Polícia Federal em Brasília confirmou ao G1 a ida de peritos para o México neste domingo (19). De acordo com a PF, autoridades mexicanas pediram ao governo brasileiro informações para eventual identificação de mais dois corpos.

Drama da espera

Os últimos dias foram de angústia à espera de mais notícias da chacina que chocou as pequenas Sardoá e Santa Efigênia de Minas, cidades que perderam dois de seus jovens numa travessia, que, embora arriscada, é o caminho seguido por muitos brasileiros que entram nos Estados Unidos de forma ilegal.

No domingo (12), segundo relato de Marlene Cardoso Santos, irmã de Hermínio Santos, policiais federais estiveram na fazenda Córrego dos Firminos, em Sardoá. Eles perguntaram características de Hermínio e coletaram saliva de um dos familiares para ajudar na identificação por DNA. Em entrevista ao G1, ela comentou o clima de apreensão que tomou a cidade. "A gente espera a solução. Está bem tenso, não sabe nem o que pensar, está uma angústia, disse.

O desejo de dar um enterro digno a quem perdeu a vida em busca de um sonho é também do lavrador Alírio Aires Fernandes, pai de Juliard Aires Fernandes. O jovem completaria 20 anos em 8 de setembro. A identificação do corpo dele entre as vítimas da chacina já havia sido comunicada pelo Itamaraty.

Depois de perder o filho assassinado, o lavrador se mostra apreensivo pela chegada do corpo a Santa Efigênia de Minas, cidade que faz divisa com Sardoá e Governador Valadares. "Quanto mais depressa chegar é melhor. A gente tem que aguentar e seguir em frente, tem que passar por cima", disse o pai de Juliard Fernandes por telefone.

Uma tia de Juliard também faz um apelo para que as autoridades pensem no sofrimento das famílias e liberem os corpos com mais agilidade. "Continuo desesperada. Peço com todas as forças que tragam o corpo o mais rápido possível. Quero não só o do meu sobrinho, mas de todos", disse Maria da Glória Aires.

Comoção nas cidadesSardoá e Santa Efigênia de Minas têm população estimada de cerca de cinco mil habitantes cada, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os municípios fazem limite com Gonzaga, cidade-natal de Jean Charles de Menezes, o brasileiro confundido com um terrorista e executado por policiais dentro de uma estação de metro de Londres, em 2005. Quando o corpo chegou ao Brasil, foi recebido com muita comoção. Na época, a Polícia Militar informou que mais de dez mil moradores da cidade e da região passaram pelo velório.

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