• Carregando...

A maior guerrilha da Colômbia pediu aos eleitores que votem na eleição presidencial deste mês, sinalizando uma mudança de estratégia que, segundo analistas ouvidos nesta terça-feira, se destina a confrontar o presidente Álvaro Uribe, que tenta um novo mandato.

A atual posição das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) contrasta com o passado da organização marxista, quando a guerrilha conclamava à abstenção e realizava ataques em todo o país para demonstrar seu poderio militar e sabotar as eleições.

- Agora que Uribe aspira à reeleição, é preciso votar em um candidato que coloque a pátria em primeiro lugar e que tenha a proposta de paz mais coerente - disse Iván Márquez, um dos nove líderes mais importantes do grupo, que tem 17 mil combatentes armados.

A declaração do líder das Farc, grupo financiado pelo narcotráfico e considerado terrorista pelos Estados Unidos, foi divulgada pelo site www.farcep.org .

Há apenas dois meses, às vésperas das eleições legislativas de março, as Farc paralisaram vários Departamentos (Estados) nas florestas do sul da Colômbia, onde bloquearam estradas e assassinaram 18 pessoas, entre as quais nove vereadores.

As eleições acabaram não sendo prejudicadas pelos incidentes, e os aliados do presidente Uribe obtiveram a maioria das cadeiras no Congresso.

- As Farc estariam evitando seu desgaste diante da enorme popularidade e da intenção de voto do presidente Uribe, e neste momento qualquer ataque em vez de prejudicar o presidente tenderia mais a fortalecê-lo - disse o analista político Vicente Torrijos, da Universidade do Rosário.

Uribe, um advogado de 53 anos que tem o respaldo de investidores e empresários, aparece com 55% das intenções de voto no pleito do dia 28, segundo recentes pesquisas que lhe dão aprovação popular superior a 70%.

Ele foi eleito em 2002 com a promessa de derrotar as Farc, grupo que assassinou seu pai na década de 1980, em uma fracassada tentativa de sequestro. Na época, o país havia vivido três anos de um frustrado processo de paz com as Farc, que há quatro décadas combatem o governo do país. Na segunda-feira, Uribe, aliado dos EUA na luta ao narcotráfico e às guerrilhas, provocou surpresa ao anunciar que, se reeleito, sua primeira medida será abrir negociações de paz com as Farc.

Torrijos disse que, ao contrário de eleições anteriores, quando as Farc manifestaram apoio a algum candidato, dessa vez o grupo está evitando se posicionar para não prejudicar o escolhido.

- Acho que qualquer tentativa das Farc para beneficiar uma candidatura terminará precisamente prejudicando-a - disse o candidato esquerdista Carlos Gaviria.

O analista León Valencia considerou que a conclamação das Farc ao voto e a aparente decisão de não realizar ataques teria como objetivo não afetar a opção da esquerda de se consolidar como a segunda força política do país, acima do Partido Liberal.

Nas pesquisas, Gaviria aparece dois pontos percentuais à frente do candidato liberal, Horacio Serpa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]