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Os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) disseram nesta sexta-feira (22) que a atitude hostil do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, ameaçava as negociações de paz em Havana e pediram a ele que salvasse as negociações, nas críticas mais duras feitas desde o início das conversas, três meses atrás.

Santos enfureceu os rebeldes no início desta semana quando disse que eles deveriam ser responsáveis por indenizar os milhares de camponeses que foram obrigados a deixar suas terras durante a mais longa guerra de guerrilha- e a única existente hoje - da região.

As Farc se consideram as representantes dos pobres do campo colombiano em seus conflitos com os grandes fazendeiros e com as empresas de petróleo e mineração estrangeiras.

"É verdade que na mesa de negociação foi feito importante progresso, mas as atitudes oficiais... ameaçam afundá-lo em um pântano. Vamos tirá-lo de lá agora, Santos", dizia um comunicado do líder das Farc, Rodrigo Londoño, conhecido como Timoleón Jiménez, distribuído em Havana quando as conversas recomeçaram. "Vamos salvá-lo", acrescentava.

Antes nesta semana, as Farc também tacharam o governo Santos de "Pinóquio" por ter prometido reservar uma grande área de terra para os despossuídos.

Respondendo ao comunicado rebelde, o ministro do Interior colombiano, Fernando Carrillo, disse aos jornalistas em Bogotá: "está nas mãos deles tirá-lo do pântano. Que eles parem de sequestrar e atacar os colombianos".

Durante toda a negociação, os dois lados questionaram a sinceridade recíproca e condenaram os bombardeios, sequestros e as ações militares que aumentaram em intensidade nas últimas semanas.

Ao mesmo tempo, o governo, as Farc e intermediadores cubanos e noruegueses disseram que houve progresso na mesa de negociação, sem fornecer detalhes.

As partes estão tentando acabar com uma guerra que data da formação das Farc, em 1964, como um movimento comunista de reforma agrária que combatia a longa história de desigualdade social e a concentração de terras nas mãos de poucos na Colômbia.

Dezenas de milhares de pessoas morreram e outros milhões foram desalojados no conflito, a insurgência mais longa da América Latina e um vestígio da Guerra Fria.

As conversas se baseiam em uma agenda de cinco pontos, que incluem as questões que provocaram e prolongaram a guerra, a começar pela reforma agrária e o desenvolvimento rural.

As Farc propuseram entregar uma grande área da Colômbia aos pobres, mas o governo disse que não vai tirar terra de proprietários privados.

As outras questões incluem a futura participação política das Farc, o fim do conflito, a indenização para as vítimas da guerra, e o narcotráfico, que vem ajudando a financiar o grupo há anos.

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