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Cidade de Gaza – A crise política palestina agravou-se ontem com confrontos na Faixa de Gaza entre as forças de segurança do governo da Autoridade Palestina (AP), controlado pelo grupo islâmico Hamas, e as da presidência, comandadas pelo partido laico Fatah. Oito pessoas morreram, incluindo um garoto de 15 anos. Pelo menos 70 ficaram feridas.

Essa foi a maior irrupção de violência na região desde que o Hamas venceu as eleições parlamentares da Autoridade Palestina, em 25 de janeiro. O estopim do confronto foi uma manifestação de policiais pedindo o pagamento de seus salários atrasados desde março.

O ministro do Interior, Said Seyam, do gabinete de governo do Hamas, mandou suas forças de segurança para as ruas, para evitar distúrbios. Em resposta, a polícia palestina, leal ao Fatah, bloqueou ruas na cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, e trocou tiros com o contingente enviado por Seyam para coibir os protestos.

Em outro incidente grave, a milícia do Hamas invadiu a casa de um dirigente da Segurança Preventiva da Presidência da Autoridade Palestina e prendeu cinco guarda-costas. Também houve choques entre as duas facções rivais num hospital de Gaza onde os feridos nos confrontos estavam sendo medicados. Como resultado, mais cinco pessoas ficaram feridas.

Desde a posse do Hamas no governo, em março, os 166 mil funcionários públicos palestinos estão com os salários atrasados porque a União Européia e os EUA bloquearam a ajuda de centenas de milhões de dólares à Autoridade Palestina. Israel também deixou de repassar mensalmente cerca US$ 50 milhões em impostos cobrados de produtos importados pelos palestinos, tornando impossível para o governo pagar os 165.000 funcionários públicos.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, que estava na Jordânia, busca pôr fim à crise tentando persuadir o Hamas a formar um governo de coalizão e aceitar exigências internacionais para renunciar à violência e reconhecer o Estado judeu de Israel.

Invasão

Na Cisjordânia, onde a situação estava mais calma nos últimos meses, militantes da Fatah invadiram o edifício da sede do governo palestino e puseram fogo no segundo andar. Eles atiraram arquivos e móveis pela janela. Não havia funcionários no momento do ataque.

Um outro prédio governamental foi incendiado em Ramallah, bem como o carro do ministro da Educação e os escritórios de um jornal do Hamas.

Em Nablus, no norte da Cisjordânia, dezenas de militantes da Fatah armaram bloqueios nas estradas e advertiram que vão retaliar se forem alvo de ataques da milícia do Hamas.

"Isto é proibido no islamismo. Nós estamos no mês sagrado do Ramadã", comentou o palestino Majed Badawi, de 33 anos, depois de escapar sem ferimentos de um fogo cruzado entre militantes do Fatah e do Hamas. "É uma vergonha para os membros do Hamas e do Fatah. Nós somos vítimas dos dois", acrescentou.

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