Pelo menos quatro mortos, entre eles um bebê recém-nascido, 38.000 desabrigados, mais de 5.000 casas destruídas e um desaparecido: este é o primeiro balanço oficial da Nicarágua, divulgado nesta terça-feira (5), após a passagem do furacão Félix pelo norte caribenho do país.
"A situação é grave, graças a Deus o número de vítimas não teve as magnitudes que se apresentaram na passagem do furacão Mitch, em 1998, que deixou cerca de 3.000 mortos", disse o presidente Daniel Ortega, em uma entrevista coletiva em Manágua, que mesmo assim decretou 'estado de desastre'.
A ministra da Saúde, Maritza Cuan, disse ao presidente Ortega que uma menina morreu pouco depois de nascer, em Puerto Cabezas, a área mais castigada pelo furacão, porque sua mãe se negou a sair de casa e receber ajuda médica em um abrigo. As outras vítimas são três homens.
Um deles, um indígena, negou-se a deixar a região e foi esmagado por sua casa; e outro homem caiu de um telhado, morrendo devido aos ferimentos causados por uma lâmina de zinco, disse o secretário do Poder Cidadão do Caribe, Lumberto Campbell.
A quarta vítima é um indígena miskito da comunidade costeira de Sandy Bay, cujo corpo apareceu flutuando nas águas do mar do Caribe, de acordo com o diretor do Sistema Nacional de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais (Sinapred), major Ernesto Soza.
180 mil pessoas evacuadas
Em Honduras, Félix levou à evacuação de 18 mil pessoas, principalmente nas Islas de la Bahía e nos departamentos de Gracias a Dios e Colón, informou a Comissão Permanente de Contingências (Copeco).
De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional e a Comissão Permanente de Contingências, Félix caiu para a categoria 1, com ventos firmes de até 120 km/h, e se desloca a 22 km/h.
O organismo informou que "Tegucigalpa e região devem receber precipitações de entre 80 e 100mm na manhã desta quarta-feira".
Até o momento, não há vítimas ou danos materiais significativos em Honduras.
Em Belize, que estava até segunda-feira na trajetória do Félix, a população respirou aliviada quando o furacão mudou de rumo, mas o país ainda se encontra em estado de alerta.
Estado de desastre
O governo da Nicarágua decretou na terça-feira "estado de desastre" na Região Autônoma do Atlântico Norte (Raan), devastada pelo Félix.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, emitiu o decreto ao tomar conhecimento de uma primeira avaliação sobre os danos causados pelo ciclone principalmente em Puerto Cabezas, capital do Raan, e em outras comunidades desta região.
O decreto assinado por Ortega afirma que "diante da situação de emergência está declarado estado de desastre no território da Raan".
A ordem presidencial foi lida por Edgard Orozco, da secretaria executiva do Sistema Nacional de Prevenção, Mitigação e Atenção de Desastres (Sinapred).
O decreto ordena que os ministérios do Estado e as instituições descentralizadas atuem imediatamente na execução dos programas encaminhados para assistir as necessidades na região afetada.
Também pediu às instituições do Estado para usarem seu orçamento e "o que for enviado pela comunidade internacional" para colocarem imediatamente em prática um plano de reabilitação e reconstrução dos danos ocorridos nas comunidades afetadas por inundações causadas pelas intensas chuvas.
Além disso, o líder ordenou que os governos regionais e municipais afetados mantenham ativados os Comitês de Prevenção, Mitigação e Atenção de Desastres.
Por meio de uma ação coordenada com o governo central, Ortega pretende que a garantia adequada de atendimento às pessoas retiradas de suas casas continue. Elas estão nos 73 abrigos temporários instalados.
O presidente também instruiu o Sinapred, a Defesa Civil e os órgãos especializados em socorrer para continuar com as tarefas de busca, salvamento e resgate na região afetada.



