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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Presidente não falou sobre saúde

Havana – Fidel Castro, único líder que conheceu pessoalmente a 70% dos 11,2 milhões de cubanos, não falou ontem sobre sua saúde e muito menos se algum dia reassumirá a presidência, exercida provisoriamente por seu irmão. Ontem, os maiores de 16 anos começaram a escolher, por voto direto e secreto, cerca de 15 mil representantes para as 169 assembléias municipais do país.

A votação, prevista para ocorrer em dois turnos (21 e 28 de outubro), será seguida em abril de 2008 pela eleição dos representantes das províncias e dos deputados que nomearão os 31 membros do Conselho de Estado, presidido desde sua criação em 1976 por Fidel Castro.

Esta maratona pode acabar com o suspense em torno da manutenção do líder máximo no poder. Os representantes das 169 assembléias municipais nomearão 50% dos deputados e povo será responsável pela outra metade.

Sem campanhas, o processo eleitoral em Cuba é defendido pelas autoridades como "o mais democrático do mundo", no qual o Partido Comunista – único legalizado – não apresenta candidatos, mas governa a ilha.

Para o governo, as eleições são uma "reivindicação" do sistema; mas a oposição a considera uma "farsa" ou um "teatro", enquanto os Estados Unidos e outros governos pedem eleições livres em Cuba. "Continua sendo o mesmo modelo de votação sob um regime totalitário que só quer se reproduzir e legitimar a si mesmo", disse o dissidente Elizardo Sánchez. As urnas fecharam às 18 horas (20 horas de Brasília).

As votações municipais são convocadas a cada dois anos e meio e as do Parlamento e do Conselho de Estado, a cada cinco anos.

Havana – O líder cubano, Fidel Castro, pediu ontem ao presidente dos EUA, George W. Bush, que suspenda o bloqueio contra a ilha e não ameace a humanidade com uma guerra nuclear, em uma breve declaração divulgada em Havana. "Bush está obcecado com Cuba", afirma a declaração, que ressalta que "a soberania não pode ser negociada". O texto foi lido na televisão local pela presidente da mesa eleitoral onde o dirigente cubano está inscrito.

Fidel exerceu ontem seu direito ao voto do local onde se recupera da grave doença que o mantém afastado do poder há 15 meses. O líder cubano exigiu a Bush que ponha fim ao "bloqueio genocida", em alusão ao embargo que os Estados Unidos mantêm contra Cuba há 45 anos; a "seu apoio ao terrorismo" e a "sua lei assassina de ajuste cubano, sua política de pés secos e pés molhados". Também pediu ao presidente norte-americano que permite aos cubanos obter a residência assim que pisarem no território dos Estados Unidos. "Suas ameaças de ataque nunca nos intimidaram", acrescentou. "Não ataque outros, não ameace a humanidade com uma guerra nuclear; os povos se defenderão e nessa fogueira todos morrerão", afirmou Fidel, que em julho do ano passado delegou seus cargos a irmão Raúl.

O líder também se referiu ao anúncio, em "tom exigente e ameaçante", de um comparecimento de Bush previsto na quarta-feira para apresentar "novas iniciativas para o período de transição já iniciado". "Como afirma Ricardo Alarcón, presidente de nossa Assembléia Nacional, (...) por trás viriam os pelotões de fuzilamento da máfia cubano-americana com permissão para matar todos que pareçam militantes do partido, da juventude e das organizações de massa", denunciou.

A televisão cubana, que não divulgou imagens de Fidel votando, informou que, após entregar seu voto ao representante da mesa eleitoral, ele expressou sua confiança na "participação em massa nas eleições, que constituem uma resposta contundente às ameaças de George Bush".

Mais de 8,3 milhões de cubanos votaram neste domingo nas eleições municipais, lançando assim um longo ciclo eleitoral que terminará em 2008 com a nomeação do novo presidente, já que Fidel Castro está afastado do poder há mais de um ano por motivos de doença.

Às 7 horas locais (9 horas de Brasília) os 37.8OO colégios eleitorais foram abertos. Dentre eles, um em especial atraiu a atenção da imprensa mundial: o da escola do bairro de Vedado em Havana, onde Fidel Castro está inscrito. Apesar da urna e das cédulas poderem ser levadas aos enfermos, as autoridades não informaram a princípio como o líder cubano iria votar 15 meses depois da operação no intestino que o obrigou a delegar, temporariamente, o poder a seu irmão Raul. "Vi Fidel votar nos outros anos. Vinha normalmente, assim como eu, que votei mais cedo. Agora está doente, mas pode ser que venha. Nunca se sabe", disse Félix Rodríguez, de 77 anos, cuja casa fica exatamente em frente à zona eleitoral onde Fidel deveria votar.

Mais tarde, a televisão cubana informou que Fidel votou do local secreto onde convalesce da doença. O líder cubano publicou no sábado um artigo no jornal oficial Granma em que chamou as eleições cubanas de "antítese" do que ocorre nos Estados Unidos, onde haveria, segundo ele, "fraudes, truques, discriminação étnica e até violência".

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