Abertura
Há 2 meses, Fidel reaparecia em público e iniciava uma série de declarações bombásticas:
Homossexuais: se disse arrependido pela perseguição praticada por seu partido em seu longo governo e declarou que "aqueles foram momentos de muita injustiça". Assumiu a responsabilidade por tudo.
Mísseis: na entrevista concedida à revista The Atlantic Monthly, assumiu que ter sugerido aos soviéticos, em 1962, um ataque nuclear contra os EUA não foi uma ideia sensata.
Ahmadinejad: negou apoio imediato ao antigo aliado político e criticou o discurso antissemita.
Judeus: afirmou que foram o povo mais difamado de todos, inclusive mais que os muçulmanos.
Economia
O atual presidente cubano Raúl Castro abriu setores econômicos do país e autorizou a venda de artigos eletrônicos, insumos agrícolas e telefones celulares
Hotéis: também permitiu que cubanos se hospedem em instalações turísticas do país.
Imóveis: permitiu que cubanos sejam proprietários e comprem até 40 hectares de terras.
Havana - O ex-presidente cubano Fidel Castro declarou ontem ter sido mal interpretado ao comentar a situação do modelo econômico comunista de Cuba em conversa com um jornalista norte-americano que visitava seu país.
Em aparição da Universidade de Havana, o octogenário ex-líder cubano disse que suas declarações não foram distorcidas pelo jornalista Jeffrey Goldberg, mas ressalvou que usou de ironia e quis dizer "exatamente o contrário" do que o que foi entendido da fala, publicada no blog do repórter da revista The Atlantic Monthly.
Goldberg escreveu na quarta-feira em seu blog que perguntou a Fidel se o sistema econômico cubano ainda poderia ser aproveitado em outros países. Segundo o jornalista, Fidel respondeu: "O modelo cubano não funciona mais nem mesmo para nós".
O comentário publicado por Goldberg teve grande repercussão pelo mundo. O esclarecimento de Fidel anulou especulações segundo as quais estaria enviando uma mensagem a setores mais radicais do Partido Comunista cubano contrários às mudanças políticas e econômicas implementadas por Raúl Castro, irmão de Fidel e líder do regime desde 2006.
O caso
O líder cubano convidou Goldberg a Cuba para falar sobre o Irã, e não sobre questões internas, depois de ter publicado artigo sobre as tensões entre EUA, Irã e Israel em torno da questão nuclear. O ex-líder cubano acredita que estes três países estejam muito próximos de envolver-se num conflito com armas atômicas e pretendia expor seu ponto de vista sobre o assunto ao jornalista. Goldberg foi acompanhado da analista Julia Sweig, do centro de estudos norte-americanos Council on Foreign Relations.
Na Universidade de Havana, Fidel leu o que foi escrito pelo jornalista no blog e a seguir disse que tentou ser irônico, mas Goldberg não teria captado a sutileza. Segundo o ex-presidente, sua intenção era contestar a suposição implícita de que Cuba teria alguma intenção de exportar seu modelo.
"Minha ideia, como todo mundo sabe, é a de que o sistema capitalista já não serve nem para os Estados Unidos nem para o mundo, o qual é conduzido a crises cada vez mais graves, globais e repetidas", disse ele ontem.
"Eu continuo a acreditar que Goldberg é um grande jornalista. Ele não inventa frases. Eles as transmite e as interpreta", comentou Fidel. Ao comentar o assunto, o ex-líder cubano parecia descontraído e não demonstrou irritação. "Divirto-me agora ao ver como ele [Goldberg] interpretou ao pé da letra e consultou Julia Sweig", brincou.
Na conversa com o jornalista, Fidel aparentemente não entrou em detalhes com relação ao comentário sobre a economia da ilha, o que pode ter dificultado a compreensão do real significado da declaração.
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