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Atualizado em 02/08/2006 às 19h05

Fidel Castro teria deixado a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), nesta quarta-feira, apenas dois dias depois de se submeter a uma cirurgia de emergência no intestino, informou a uma TV de Miami a sua irmã - e desafeta - Juanita Castro Ruz .

- A última informação que recebi foi de que ele está fora da Unidade de Terapia Intensiva e está agora aguardando para ver o que acontece - declarou à WTVJ.

Juanita, que deixou Cuba em 1964 e não fala com seu irmão há anos, afirmou à WTVJ que foi difícil ver os exilados cubanos na Flórida comemorando as notícias de que Fidel Castro passou por uma cirurgia para conter uma hemorragia intestinal e entregou o poder temporariamente ao seu irmão.

- É uma situação muito triste para mim porque estamos separados. Estou separada de Fidel por motivos políticos - disse ela, que é proprietária de uma farmácia nos EUA.

Fidel Castro, no poder desde a revolução de 1959, entregou o poder a seu irmão mais novo, Raúl Castro , na última segunda-feira. Nem ele nem Raúl apareceram publicamente desde então.

O governo cubano divulgou nota de Fidel ao povo, nesta quarta-feira, por meio do jornal oficial do Partido Comunista, o "Granma". Na mensagem, o comandante diz que é preciso mais tempo para se chegar a um prognóstico. No documento, também lido em rede nacional de TV, o presidente de Cuba diz que sua condição de saúde é estável e que seu humor é bom.

"Posso dizer que é uma situação estável, mas uma evolução real do estado de saúde necessita de um pouco mais de tempo".

"O que mais posso dizer é que a situação se manterá estável por muitos dias, antes de poder dar um veredito", acrescentou..

Ricardo Alarcón, presidente do Legislativo, disse nesta quarta-feira que conversou com o presidente cubano, e que ele está consciente e bem-disposto.

O país amanheceu nesta quarta-feira tranqüilizado.

Mas médicos ouvidos pelo "Miami Herald" duvidam que haja motivo para otimismo. Eles dizem que estresse não causa hemorragia intestinal.

A notícia da internação de Fidel gerou reações adversas entre os cubanos, dentro e fora do país. Em Havana, além da rádio local, que ficou em silêncio durante toda a terça-feira, não foram registrados grande sobressaltos , segundo correspondentes da Reuters.

Em Miami, nos EUA, onde moram centenas de milhares de exilados cubanos e seus descendentes, o clima era de cautela . Nas rodas de conversa, havia grupos que defendiam que Fidel estaria gravemente doente e até morto, mas também aqueles que acreditavam que tudo não passava de uma fraude.

- Ninguém sabe de nada com certeza - disse Luis Cabral, imigrante cubano que está radicado no sul da Flórida desde 1966. - Acho que ele está doente, mas acredito que está morrendo vagarosamente. Não acho que ele vá morrer de repente. Se o povo realmente quer retomar Cuba precisará perdoar e recomeçar sem ele - acrescentou.

Muitos moradores de Miami, entretanto, temiam que as comemorações precipitadas pudessem pôr em perigo cubanos vivendo na ilha.

- Naturalmente, estou feliz em saber que ele está doente - afirmou Caridad Mora, no sul da Flórida desde 1962. - Mas as pessoas precisam ser cuidadosas, porque poderia sempre haver conseqüências. Elas precisam esperar até ter certeza de que ele morreu antes de tomar as ruas, porque é muito perigoso - emendou.

Um parlamentar americano de origem cubana chegou a pregar a desobediência civil.

- É hora de os militares não atirarem - disse Lincoln Diaz-Balart, deputado federal pelo distrito de Miami.

Falando numa entrevista coletiva, ele disse que a comunidade dissidente dentro de Cuba está pedindo aos exilados para servirem de porta-vozes para a promoção da resistência passiva.

O senador republicano pela Flórida Mel Martínez, que fugiu de Cuba quando criança, disse que esperava há muito tempo "pelo dia em que o povo de Cuba veria um dia sem Fidel Castro".

- Há a possibilidade de que ele esteja gravemente doente ou morto - disse Martínez em Washington. - Não acho que haveria um anúncio como esse se não estivesse bem claro que ele está incapacitado e não se recuperará no curto prazo.

Martinez é o primeiro cubano a entrar para o Senado dos Estados Unidos. Ele foi eleito em 2004.

A comunidade cubana nos EUA é formada por vários grupos bastante distintos. O espectro vai de social-democratas que não querem os americanos gerindo o país, a jovens alienados, passando por comunistas que viajaram para ficar com a família que tem integrantes não-comunistas que fugiram do país e por partidários dos Estados Unidos.

Na terça-feira, a CNN divulgou um relatório de uma comissão do governo americano que delineia os planos de Washington para a eventual e defintiva saída de Fidel do poder.

O diretor-executivo do grupo ativista Centro para uma Cuba Livre, Frank Calzón, disse ao GLOBO ONLINE, por telefone, de seu escritório em Washington, que a mudança de regime acontecerá, e será por dentro, e não por fora.

- Existem divisões, sim, mas isto é da natureza da vida - disse ele, a respeito dos dissidentes. - Damos boas-vindas à diversidade.

Um assessor de Fidel disse que o "último instante" do líder ainda estava longe. O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, aliado de Cuba, também se pronunciou, dizendo que a recuperação do líder caribenho "avançava positivamente" .Leia também:

Quem é quem no poder cubano - e fora dele

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