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Saif al-Islam, filho de Kadafi, na última vez que apareceu em público, no dia 23 de agosto, em Trípoli | Dario Lopez-Mills/AFP
Saif al-Islam, filho de Kadafi, na última vez que apareceu em público, no dia 23 de agosto, em Trípoli| Foto: Dario Lopez-Mills/AFP

Cerco

Rebeldes vindos do oeste e leste pausaram ofensiva, cumprindo trégua para Kadafi se render, que vai até sábado.

O que a ONU propõe e o que os rebeldes querem

ONU

- Cogitou missão de peacekeeping.

- Analisa envio de missão civil para gestão interina (aos moldes do Timor Leste).

Rebeldes

- Rejeitam qualquer tipo de força de paz ou de observadores internacionais.

- Querem ajuda da ONU para formar polícia nacional.

Em comum

- Queda de Kadafi

- Eleições nacionais em menos de 1 ano

Armas do Brasil são encontradas em depósito do regime

Uma fábrica de alimentos nas proximidades da capital líbia, Trípoli, funcionava também como depósito de armas do re­­gime de Muamar Kadafi, e, entre elas, foram encontradas centenas de pistolas brasileiras, segundo in­­formações de ontem de um repórter da BBC.

Em visita ao local, o jornalista Wyre Davies encontrou ainda armamentos russos.

Os rebeldes afirmaram que o ditador tinha o costume de utilizar localidades civis como depósito de armamentos com o intuito de dificultar que a Otan, a aliança militar do Oc­­i­­dente, identificasse os alvos para ataques aéreos.

A descoberta dos depósitos usados por Kadafi faz parte do processo das últimas semanas no qual o fim do regime de mais de 40 anos do ditador parece ter chegado, segundo o otimismo expressado pelos rebeldes ontem.

"Acredito que esse bandido, esse assassino sabe que não tem para onde ir", disse Ali Tarhouni, ministro de Finan­­ças e Petróleo dos rebeldes.

Depois que os rebeldes do Con­­selho Nacional de Transição (CNT) definiram um ultimato até sábado para que os simpatizantes de Muamar Kadafi se rendam em Sirta, cidade natal do ditador, os filhos de Kadafi reagiram com declarações contraditórias em redes de tevê com menções a uma vitória próxima e a uma rendição possível.

Saif al-Islam, apontado até então como o sucessor natural de Kadafi, afirmou em declaração exibida pelo canal al-Ray, que a família lutaria até a morte contra os insurgentes e as forças da Otan. Segundo ele, 20 mil homens ar­­mados estão prontos para reagir a qualquer ação militar do CNT em Sirta. E ressaltou a disposição para reconquistar a capital Trí­­poli, tomada pelos rebeldes na semana passada.

"Nós garantimos a vocês que estamos aqui, prontos e em boa forma. A resistência continua e a vitória está próxima", disse.

Em declaração de tom bem mais ameno, Saadi Kadafi, o terceiro filho do ditador, que já foi jogador de futebol, disse à tevê al-­­Arabiya, que Kadafi não tem objeções a entregar o cargo ao CNT e fez um apelo por negociação e acordo para por fim ao conflito.

"Se a minha rendição encerrar o derramamento de sangue, estou pronto para isso, mas não represento somente a mim e de modo a alcançar uma solução pa­­cífica para a crise deveríamos sen­­tar e negociar", afirmou.

Ele explicou que entrou em contato com o chefe das forças opositoras em Trípoli, Abdel Ha­­kim Belhadj, com a autorização do pai para negociar um acordo. Antes da entrevista, os rebeldes tinham dito que Saadi tentava ob­­ter uma rendição pessoal.

Apesar das declarações desencontradas dos filhos de Kadafi, o porta-voz do regime, Moussa Ibra­­him, foi claro em recusar o prazo de rendição imposto pelos rebeldes, alegando que "nenhuma nação digna aceitaria um ultimato de gangues armadas". Ao jornal The New York Times, Ab­­dul Ha­­fith Ghoga, um dos lí­­de­­res do CNT, disse que Kadafi está escondido em Bani Walid, ci­­dade no deserto ao sudeste de Trípoli.

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