Buenos Aires Se for eleita presidente no domingo, a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner tomará posse como presidente da Argentina no dia 10 de dezembro. Nesse dia, os argentinos e o resto do mundo assistirão à inédita imagem de um presidente eleito democraticamente passando a faixa e o bastão presidencial à própria esposa.
Mas essa imagem não será o único fator inédito. Simultaneamente, começará um sistema de co-governo que, segundo alguns analistas, esteve em teste nos últimos quatro anos e meio ao longo do governo de Néstor Kirchner no qual Cristina foi uma figura de enorme peso. No âmbito político os rumores indicam que Kirchner, longe de aposentar-se e ficar de pijama na residência oficial de Olivos enquanto Cristina trabalha na Casa Rosada, será um virtual "primeiro-ministro" de sua esposa.
Outra comparação realizada sobre o casal é que Cristina e Néstor serão como "uma sultã e o grão-vizir do Império Otomano" que comandarão a Argentina com mão de ferro. A escritora Olga Wornat autora da biografia não autorizada "Rainha Cristina", destaca que os dois são uma perfeita parceria mobilizada pela sede de poder. "Um poderoso dueto que sabe muito bem o que quer", resume.
"Presidência bicéfala"
Os analistas afirmam que o país terá uma inédita experiência de "presidência bicéfala". O plano do casal, afirmam, é o de colocar Kirchner no posto de presidente em 2011, quando concluir o mandato de Cristina. Nas últimas semanas, Kirchner, com sorriso maroto, repetiu a vários políticos e empresários que o visitam: "Não estou dizendo adeus, hein! É só um até logo.".
"Kirchner participará do eventual governo de Cristina, mas também se dedicará a reconstruir o Partido Justicialista (Peronista). Ele se encarregará de tecer uma rede de governabilidade para a esposa. E, se o modelo kirchnerista se esgotar, se o superávit fiscal terminar ele preparará a retirada ordenada do casal do poder, para evitar eventuais processos na Justiça. É preciso destacar que desde a volta da democracia em 1983 nenhum presidente argentino conseguiu ir embora do poder dignamente", afirma analista político Silvio Santamarina.
A oposição critica a sucessão entre marido e mulher e acusa os Kirchner de quererem instaurar uma espécie de "monarquia presidencial".
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