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A cidade de Fallujah é um dos principais redutos do Estado Islâmico no Iraque. | Stringer/AFP
A cidade de Fallujah é um dos principais redutos do Estado Islâmico no Iraque.| Foto: Stringer/AFP

As forças iraquianas seguem combatendo neste sábado o Estado Islâmico (EI) em Fallujah, perto de Bagdá, e retomaram as operações militares para atacar Mossul, outro grande reduto dos extremistas no país. “Nós começamos a segunda fase da operação para a libertação de Nínive”, a província cuja capital é Mossul, infirmou à AFP o ministro da Defesa, Khaled al-Obeidi. “O objetivo da operação é tomar a cidade de Qayarah e usá-la como um trampolim para retomar Mossul”, disse ele. Qayarah, que tem um aeroporto, está localizada cerca de 60 km ao sul de Mossul, uma cidade em poder dos extremistas desde junho de 2014, cinco meses depois que tomaram Fallujah.

Em 24 de março, o exército iraquiano, apoiado por combatentes curdos e milícias xiitas, lançou uma ofensiva para retomar a província de Nínive, no que foi considerada uma primeira fase para a retomada de Mossul. A operação é realizada a partir da cidade de Makhmur, ao sul de Mossul e a leste de Qayarah.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al Abadi, afirmou que as forças do governo controlavam a maior parte de Fallujah, outro reduto jihadista 50 km a oeste de Bagdá. Desde que as forças iraquianas tomaram o complexo do governo, restam poucos focos de resistência extremista nesta cidade, segundo Al Abadi. As forças estão vasculhando os subúrbios ao sul da cidade em busca de combatentes e explosivos, acrescentou. No entanto, o EI controla os bairros ao norte de Fallujah, onde milhares de civis são usados como escudos humanos. As forças de elite “continuam a avançar para libertar os subúrbios do norte” da cidade, indicou o comandante Abdelwahab Saadi.

Segundo responsáveis pela segurança, muitos membros do Estado Islâmico conseguiram escapar da cidade misturados aos civis que fugiram dos combates nos últimos dias. A fuga do EI de Fallujah provocou o êxodo em massa de cerca de 20 mil civis em algumas horas na sexta-feira, informou o Conselho Norueguês de Refugiados (NRC). Imagens nas redes sociais mostraram centenas de pessoas cruzando a nado o Rio Eufrates em busca de um porto seguro.

O NRC disse temer que os civis que ficaram em Fallujah sejam os mais vulneráveis – mulheres grávidas, idosos e deficientes –, incapazes de fugir, mas sem ser capaz de especificar o montante.

Abadi prometeu derrotar o Estado Islâmico no Iraque antes do fim de 2016. A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que apoia as forças iraquianas contra os jihadistas, especialmente com ataques aéreos, tomou Mossul como seu principal alvo.

Para Patrick Martin, especialista em Iraque no Institute for the Study of War, com sede em Washington, o Estado Islâmico pode sobreviver à perda de Fallujah. “A máquina de propaganda do EI nas redes sociais vai sempre encontrar alguma maneira de atrair recrutas e incentivar ataques de lobos solitários”, indicou Martin.

Nos últimos meses, o Estado Islâmico teve mais reveses que sucessos nos campos de batalha na Síria e no Iraque, mas ocupou as capas dos jornais com ataques mortais no Ocidente, particularmente na França, Bélgica e Estados Unidos. A perda de Mossul e Raqa, capital do EI na Síria, “significaria a perda de ilusões do califado”, acredita Patrick Skinner, um analista do grupo Soufan.

Estado Islâmico contra-ataca para defender seus redutos na Síria

  • damasco

Os membros do Estado Islâmico (EI) estão contra-atacando com suicidas e carros-bomba para defender seus redutos de Minbej e Tabqaen, no norte da Síria. O grupo radical enfrenta desde 31 de maio uma ofensiva lançada pelos combatentes árabes e curdos das Forças Democráticas Sírias (FDS), que tentam reconquistar Minbej, um reduto sitiado que corta o acesso dos extremistas à principal estrada para Turquia que os abastecia.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a entrada das FDS na cidade, situada na província de Aleppo, está mais lenta devido aos ataques diários do EI. As FDS, que contam com o apoio aéreo da coalizão antijihadista dirigida pelos Estados Unidos, também avançam lentamente devido aos milhares de civis presos na cidade. Centenas conseguiram fugir de Minbej, onde, segundo comandantes das FDS, o EI os usa como “escudos humanos”. Na véspera, os extremistas dispararam contra seis membros de uma mesma família que tentava fugir pelo lado leste de Minbej. Morreram todos: o pai, a mãe, duas filhas e dois filhos.

Segundo o OSDH, os extremistas ainda podem resistir na cidade porque contam com provisões. A batalha causou ao menos 467 mortos (352 jihadistas, 37 das FDS e 78 civis), ainda de acordo com o OSDH.

Na província vizinha de Raqa, mais ao leste, o exército sírio, apoiado pela aviação russa, tenta a duras penas avançar para reconquistar a localidade de Tabqa, mas enfrenta uma forte resistência dos jihadistas. O exército se encontra a 15 km do aeroporto militar de Tabqa, seu principal objetivo. Na mesma província, as FDS lançaram uma ofensiva em 24 de maio contra o EI, mas os combates pararam depois do início da batalha por Minbej.

Nos combates ao sul da cidade de Aleppo, desde terça morreram 186 combatentes nas fileiras do regime e nas dos rebeldes. Entre as vítimas fatais, figuram 25 combatentes do Hezbollah xiita libanês, no maior número de baixas para este grupo em uma só batalha desde 2013, segundo o OSDH. Também morreram ao menos cem membros da Frente Al Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, e combatentes rebeldes.

O conflito na Síria, iniciado por manifestações pedindo reformas, se complicou ao longo dos anos com uma multidão de atores sírios, regionais e internacionais, e principalmente desde o fortalecimento de grupos extremistas como o Estado Islâmico (EI). A guerra já matou mais de 280 mil pessoas e obrigou a milhões de sírios a abandonar seus lares.

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