A França planeja canalizar ajuda a partes da Síria sob controle dos rebeldes, de modo que essas "zonas liberadas" possam se administrar e conter a saída em massa de refugiados, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius.
O chanceler afirmou que seu país e a Turquia identificaram áreas no norte e sul da Síria que escaparam ao controle do presidente sírio, Bashar al-Assad.
"Talvez nessas zonas liberadas os sírios que desejem fugir do regime encontrem refúgio, o que por sua vez torna menos necessário cruzar a fronteira, seja com a Turquia, o Líbano, a Jordânia ou o Iraque", disse Fabius na quinta-feira após uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York.
No entanto, civis em zonas rebeldes da Síria frequentemente sofrem bombardeios das forças áreas de Assad. A proteção a eles exigiria a imposição de zonas de exclusão aérea com vigilância de forças aéreas estrangeiras, mas não há chance de que o Conselho de Segurança da ONU autorize isso, por causa do veto de Rússia e China.
Fabius prometeu uma ajuda de 5 milhões de euros (US$ 6,25 milhões) para a Síria, mas não ficou claro como essa quantia será empregada para proteger os civis e evitar sua fuga.
"O que podemos ver é que a oposição assumiu posições fortes em zonas liberadas no norte e no sul", disse Fabius. "Os resistentes que assumiram o controle de certas zonas e municípios precisam administrar essas áreas."
Potências ocidentais já disseram que não têm intenção de fornecer armas aos rebeldes sírios, que têm poucas alternativas para reagir aos ataques aéreos do governo. Mas esses países disseram, depois da reunião na ONU, que uma ação militar para proteger zonas rebeldes continua sendo uma opção.
Até 300 mil sírios já fugiram do conflito iniciado há cerca de 18 meses no país, e há uma quantidade bastante superior de refugiados internos, segundo agências humanitárias.
A Turquia, que defende a criação de zonas-tampão, abriga atualmente mais de 80 mil refugiados sírios, e o órgão da ONU para refugiados (Acnur) diz que a cifra pode chegar a 200 mil.
A ONU questiona a ideia das zonas-tampão. "A experiência amarga já demonstrou que raramente é possível oferecer segurança e proteção efetiva nessas áreas", disse o alto-comissário da ONU para refugiados, António Guterres.
Mas Fabius disse que é possível oferecer mais ajuda a áreas rebeldes. "Precisamos equipá-los financeiramente, administrativamente, sanitariamente e em termos de equipamentos. Estamos ajudando-os diretamente, assim como a Turquia", afirmou.
França e Turquia, acrescentou, estão tentando identificar indivíduos nessas regiões para integrarem um eventual governo transitório. "Na Síria do futuro, essa gente desempenhará um papel importante, por ter emergido do conflito e ter a confiança da população."



