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Blocos em forma de dominó, de 2,5 m de altura, vão cair durante as comemorações em Berlim, representando a queda do muro que dividiu a cidade por 28 anos | Leon Neal/AFP
Blocos em forma de dominó, de 2,5 m de altura, vão cair durante as comemorações em Berlim, representando a queda do muro que dividiu a cidade por 28 anos| Foto: Leon Neal/AFP

20 anos

Berlim faz a "festa da liberdade"

Berlim promete que fará das comemorações programadas para hoje, dia em que o a queda do chamado "muro da vergonha" completa 20 anos, uma verdadeira "festa da liberdade". As autoridades alemãs e estrangeiras discursarão diante de milhares de dominós de 2,5 metros de altura que vão cair por dois quilômetros para simbolizar a queda do muro que dividiu Berlim por 28 anos desde 1961. Haverá um concerto ao ar livre da orquestra da Staatsoper de Berlim, queima de fogos e shows, além de uma gigante corrente humana que irá marcar o antigo traçado do Muro.

AFP

"Queda não foi um fato isolado"

Apesar de a queda do Muro de Berlim ter sido o símbolo do enfraquecimento do poder da União Soviética, não pode ser entendida como um acontecimento isolado na Alemanha nem do ano 1989.

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Os arquivos diplomáticos que a França e a Grã-Bretanha abriram por ocasião dos 20 anos da queda do Muro de Berlim revelaram que Paris e Londres, dirigidos então por Francois Mitterrand e Mar­­garet Thatcher, respectivamente, eram contrários ao surgimento de uma Alemanha reunificada. Os documentos demonstram uma falta de percepção francesa sobre a mudança que estava por ocorrer na República Democrática (RDA) e na República Federal alemãs. Assim demonstra uma carta que o então presidente francês, Francois Mitterrand (1981-1995), enviou ao presidente da RDA, Egon Krenz, que, em outubro de 1989, havia substituído o renunciante Erich Honecker.

"Esteja certo de que a França considerará favoravelmente (...) as perspectivas de desenvol­­vi­­men­­to das relações da República De­­mocrática Alemã com a Co­­mu­­ni­­dade Europeia", afirmou o socialista Mitterrand em 24 de novembro de 1989, quatro dias antes que o chanceler alemão Hel­­mut Kohl apresentasse um plano de dez pontos visando à reunificação.Os arquivos franceses também permitem constatar a clara hostilidade à reunificação por parte da então primeira-ministra britânica, a conservadora Margaret Thatcher (1979-1990). "A Ale­­manha, que já é temível no plano econômico, se converterá na maior potência da Europa", afirmou a "Dama de Ferro".

"França e Alemanha devem se aproximar ante o perigo alemão", dizia Thatcher, para quem "apenas a Rússia poderia ser um contrapeso mais poderoso" que a Alemanha. A mudança de fronteiras e o desenvolvimento posterior "quebraria a estabilidade da situação internacional", argumentava Thatcher. Essa mesma desconfiança era compartilhada por Mitterrand. Em 20 de janeiro de 1990, ao receber Thatcher no Eliseu, Mitterrand transmitiu à colega sua preocupação sobre uma Alemanha reunificada, que poderia "ganhar mais terreno ainda que o acumulado por Hitler", segundo os arquivos de Londres.

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