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Policial não fardado aponta arma para supostos saqueadores em Porto Príncipe, capital do Haiti: segundo relato de testemunhas, violência está piorado na cidade e quadrilhas estão inclusive assaltando os sobreviventes | Carlos Barria/Reuters
Policial não fardado aponta arma para supostos saqueadores em Porto Príncipe, capital do Haiti: segundo relato de testemunhas, violência está piorado na cidade e quadrilhas estão inclusive assaltando os sobreviventes| Foto: Carlos Barria/Reuters

Voluntariado

Médicos podem se inscrever

Médicos que tiverem interesse em auxiliar a crise pós-terremoto no Haiti podem procurar o consulado do país em São Paulo.

"Nossa necessidade maior é de médicos", diz o assessor-especial do cônsul, Glerton Reis. "Temos uma grande preocupação com a proliferação de epidemias, pela quantidade de corpos que ainda está pelas ruas", explica Reis.

Não é possível ir por conta própria a Porto Príncipe neste momento. "O aeroporto está fechado e recebe apenas a ajuda humanitária. Os jornalistas estão entrando pela República Dominicana e levando de oito a dez horas para chegar a Porto Príncipe", explica o assessor. O telefone do consulado é (11) 3073-1501.

Coordenação

Hillary chega para discutir logística

A Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, chegou ontem ao Haiti para tentar encontrar uma forma urgente de melhorar a logística dos trabalhos e encontrar caminhos criativos para que a ajuda possa chegar aos haitianos atingidos pelo terremoto ocorrido no sábado. Hillary é a autoridade mais importante dos EUA a desembarcar no país desde o desastre ocorrido na semana passada.

A secretária de Estado viajou junto de Rajiv Shah, diretor dos EUA para a Agência Internacional de Desenvolvimento. Ele afirmou que o Programa de Alimentos das Nações Unidas já começou a distribuir alimentos e água em 14 pontos em toda a capital. "Queremos expandir isso", informou Shah.

Milhares de haitianos deixavam ontem a capital do país, Porto Príncipe, em um êxodo da cidade devastada pelo terremoto, onde a ajuda não chega com a rapidez necessária para os que estão feridos, com fome e desabrigados. Partindo em direção às províncias em busca de abrigo com parentes ou amigos, muitos simplesmente caminham levando sacolas à cabeça ou nos ombros. Outros entulham carros e caminhões com seus bens, aguardando por horas nas filas dos postos de gasolina para abastecerem os veículos.

"Esperei por dois dias, mas nada chegou, nem mesmo uma garrafa de água", diz Yves Manes, andando devagar na direção de uma estrada principal na saída da cidade, com a esposa e dois filhos. Sua mulher mancava por causa de um ferimento na perna, que está enrolada em uma camiseta manchada de sangue. "Dizem que há caminhões levando as pessoas para fora deste inferno. Perdi todo o meu dinheiro, mas darei minhas roupas, darei qualquer coisa para sair daqui", afirma Manes.

A área rural foi muito menos afetada do que Porto Príncipe por causa da escassez de edificações grandes, de concreto. Haitianos que têm também passaportes de outro país se concentram no aeroporto, tentando entrar nos aviões militares e de ajuda que deixam o país.

O pessoal militar dos EUA chegou a armar um escritório temporário de imigração para examinar os documentos das pessoas antes de deixá-las ficar perto da pista. As autoridades haitianas estão praticamente sem condições de reagir a um dos piores terremotos já registrados no mundo. Por isso, o esforço de ajuda está amplamente aos cuidados da ONU, dos militares dos EUA e governos de outros países, como o Brasil, além de um grande número de órgãos de ajuda que se empenham em cooperar.

Apesar da grande ajuda internacional, muitos dos centenas de milhares de haitianos morando nas ruas – por terem perdido as casas ou por medo de novos tremores – nada receberam ainda. "Disseram na rádio que o (presidente dos EUA) Obama está nos enviando ajuda. Então, onde está? Expliquem isso para todas estas pessoas, por favor", disse Donade Mars, que organiza os refugiados acampados no gramado do prédio do gabinete do primeiro-ministro. "Quanto tempo teremos de esperar?"

Em um ônibus que sai repleto de pessoas e bagagens com destino a uma cidade situada a cinco horas, de carro, da capital, uma família de 20 pessoas abandonou finalmente a cidade. Eles passaram 24 horas negociando um preço e esperando alguém que levasse todos.

"Dizem que o governo está recebendo milhões, mas nós não vimos nada. Vivemos na rua como nossos filhos e temos que sair, apesar de nossa vida estar aqui", lamenta Islaine, mãe de três filhos. "Gostaríamos de voltar um dia. Nosso trabalho está aqui, nossa vida", acrescenta.

No sentido contrário, um ônibus chega quase vazio a Porto Príncipe. Um casal desembarca e não consegue conter as lágrimas ao observar o cenário desolador.

"Nos disseram que foi muito grave, que tudo estava destruído, mas até chegar e ver com os próprios olhos, você não acredita", afirma Alix Bonfils, agricultor. "Viemos para buscar nossos irmãos que moram aqui. Não temos notícias deles e não conseguíamos suportar a incerteza. Não sairemos sem encontrá-los", prometeu a mulher de Bonfils.

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