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Fujimori durante o julgamento em que foi condenado: ex-presidente diz que ficará na história como o presidente que devolveu a tranquilidade ao Peru | Francisco Medina/Palácio da Justiça/AFP
Fujimori durante o julgamento em que foi condenado: ex-presidente diz que ficará na história como o presidente que devolveu a tranquilidade ao Peru| Foto: Francisco Medina/Palácio da Justiça/AFP

Poder e crimes

O ex-presidente Alberto Fujimori, 70 anos,governou o Peru por dez anos, de 1990 a 2000.

Acusações do Ministério Público

Barrios Altos – Assassinato em 1991 de 15 pessoas supostamente ligadas ao grupo maoista Sendero Luminoso em bairro de Lima pelo esquadrão de extermínio Colina, cujo mando foi atribuído a Fujimori.

La Cantuta – Sequestro e assassinato em 1992 de um professor e nove alunos em universidade conhecida como "La Cantuta’’.

Sótãos do SIE – Sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer.

Cronologia

Nov. 2000 – Deixa a presidência após um escândalo de corrupção. Foge para o Japão.

Nov. 2005 – Preso durante uma visita ao Chile, a pedido do Peru.

Dez. 2006 – A Corte Interamericana sobre os Direitos Humanos acusa Fujimori de responsável pelas ações de esquadrões da morte.

Set. 2007 – Extraditado para o Peru.

12 dez. 2007 – Condenado a 6 anos de prisão por abuso de poder durante a presidência.

2008–2009 – Julgado por seu papel em dois massacres de esquadrões da morte.

Fonte: da Redação com Folhapress

Lima - O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori (1990–2000) foi condenado ontem a 25 anos de prisão por violação aos direitos humanos em crimes contra a humanidade e a pagar uma indenização às suas vítimas no valor de US$ 90 mil (quase R$ 200 mil). Depois de ouvir a sentença, a defesa de Fujimori avisou que irá recorrer.

Esta é a primeira vez que um presidente da América Latina que foi democraticamente eleito é considerado culpado, pela Justiça do próprio país, por violação de direitos humanos. Fujimori, 70 anos, já está preso há dois anos, período que deverá ser descontado. Assim, ele só deverá ser solto em 10 de fevereiro de 2032. ONGs de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, consideraram a condenação "exemplar".

Keiko, 33 anos, filha de Fujimori que é deputada federal e potencial candidata à Presidência, afirmou que a sentença estava cheia de "ódio e vingança". Ela pediu que simpatizantes saíssem, em paz, pelas ruas da capital Lima, para protestar

Na porta da base policial onde ocorreu o julgamento, um grupo pró-Fujimori de cerca de 500 pessoas e 30 familiares de vítimas daquele regime realizaram protestos.

Fujimori é acusado de ter organizado um grupo de extermínio no Exército e, desta forma, orquestrado dois massacres e os sequestros de dois opositores. Ele nega a acusação e diz acreditar que ficará conhecido como o presidente que devolveu a tranquilidade ao Peru. "As quatro acusações estão comprovadas, acima de qualquer dúvida razoável", confirmou o juiz San Martín, ontem.

Fujimori contava com altos índices de aprovação por parte dos peruanos por ter controlado a economia daquele país e derrotado o grupo insurgente maoista chamado Sendero Luminoso. Um escândalo de corrupção, no entanto, prejudicou sua imagem em 2000, ano no qual ele decidiu se exilar no Japão.

Crimes

O primeiro massacre de que Fujimori é acusado aconteceu no distrito de Barrios Altos, em 1991. O suposto grupo de extermínio liderado pelo presidente, chamado de Colina, invadiu um churrasco e matou a tiros 15 pessoas, inclusive crianças. Mais tarde, revelou-se que o Colina, na verdade, pretendia matar um grupo de simpatizantes do Sendero Luminoso que estava reunido em outro andar, no mesmo prédio.

Outra matança ocorreu sete meses mais tarde, em julho de 1992. Na tentativa de prejudicar o Sendero Luminoso, que realizava ataques quase diariamente, o Colina "desapareceu" com nove estudantes e um professor da Universidade La Cantuta.

Já os sequestros de que Fujimori é acusado são o de um empresário e de um jornalista – na época, correspondente do jornal espanhol "El País" – que, em 1992, criticaram o fechamento do Congresso e dos tribunais peruanos.

Defesa

Fujimori diz ser vítima de perseguição por parte da polícia e dos promotores envolvidos. Ele já questionou a razão pela qual responde a processo enquanto o seu antecessor, o atual presidente peruano, Alan García, sob quem o país entrou em um conflito que matou cerca de 70 mil, não é processado.

García nega ter cometido violação dos direitos humanos durante seu primeiro mandato, que foi de 1985 a 1990, e tem o poder de perdoar Fujimori.

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