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Obama durante seu último discurso oficial, em Chicago, nesta terça-feira (10) | Darren Hauck/AFP
Obama durante seu último discurso oficial, em Chicago, nesta terça-feira (10)| Foto: Darren Hauck/AFP

“Oito anos foram apenas o começo”. Com essa frase, Barack Obama abre o site de sua fundação, que está coordenando os trabalhos para a futura biblioteca e centro de estudos dele. Baseada em Chicago, a instituição será a base política do presidente, que quer manter sua influência mesmo após entregar as chaves da Casa Branca a Donald Trump, no próximo dia 20. Pode ser, inclusive, o embrião para uma eventual carreira política da primeira-dama, Michelle.

Embora num primeiro momento Obama e família não planejem se mudar de Washington — eles querem esperar a conclusão dos estudos de Sasha, a filha mais nova — a cidade onde ele iniciou sua carreira política será a base. Prevista para ser construída na zona Sul de Chicago, região com maior população negra da cidade, a biblioteca vai dimensionar as pretensões de influência de Obama, hoje com 55 anos, após deixar o poder. Na semana passada, ele já se reuniu com deputados democratas, indicando uma liderança que não é muito comum aos ex-presidentes americanos.

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“Obama certamente será um ex-presidente influente. Relativamente jovem, já dá mostras de que não quer um papel secundário. Acredito que ele terá uma ação que pode lembrar Jimmy Carter e Bill Clinton, após saírem da Casa Branca”, afirma o professor de Ciências Políticas Dick Simpson, da Universidade de Illinois em Chicago (UIC).

Limites a doações

Simpson se refere à forte atuação pacifista internacional de Carter e às iniciativas contra a fome e doenças em países de Terceiro Mundo da Fundação Clinton. O Nobel da Paz e a popularidade no exterior devem atrair Obama para debates de questões globais. Mas, até pelas mudanças esperadas com o governo Trump, ele tende a tratar de questões internas, que marcaram seu mandato.

“E grande parte destes temas nacionais são mais fortes em Chicago, como o debate sobre a desigualdade, violência com armas e conflitos sociais”, acrescenta o professor.

Obama já antecipou, numa entrevista em maio, os temas em que vai focar num primeiro momento após “perder o emprego”: combater as desigualdades raciais e econômicas.

“Isso permanecerá uma missão para mim e para Michelle, não apenas pelo resto da minha presidência, mas pelo resto da minha vida”, enfatizou Obama à época.

A forma como coloca Michelle como parceira de sua luta pode ser um outro indicativo político. Além da frase do presidente, a primeira-dama é vista na foto de abertura do site de sua fundação. E, nos últimos meses, houve um aumento das atividades de Michelle como palestrante —ela fez alguns dos mais emocionantes e comentados discursos na campanha presidencial de Hillary Clinton.

“A biblioteca presidencial pode ser a base para uma nova carreira política para Michelle”, ressalta o professor Simpson.

O casal presidencial ainda desconversa quando lançam o nome de Michelle. Durante a convenção democrata, em julho, muitos a apontavam como futura candidata à Presidência. E essa possibilidade está no radar dos políticos do partido, segundo veículos especializados da capital americana.

De fato, os Obama estão tomando cuidados para evitar as polêmicas que afetaram a eleição de Hillary , que foi acusada, entre outras coisas, de conflito de interesses, pois, enquanto era secretária de Estado, governos estrangeiros doavam para a Fundação Clinton. Segundo o site “The Hill”, a Fundação Obama já informou que não aceitará doações de governos estrangeiros e está pensando em criar um teto de US$ 200 para doações de pessoas físicas.

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Novo polo cultural

Moradores de Chicago gostariam que a biblioteca presidencial ficasse numa região mais degradada da cidade, mas o presidente optou por Jackson Park, onde está o Museu de Ciência e Indústria. Isso pode transformar esta região no segundo polo cultural de Chicago. Ainda não foi divulgado o projeto do prédio, que está sendo desenvolvido por um consórcio de arquitetos de Nova York e Chicago.

A proximidade com a universidade também indica a importância que Obama dá à vida acadêmica. Na cidade, muitos acreditam que ele pode voltar a lecionar, como nos velhos tempos:

“Sonho em vê-lo novamente pela região. Ele sempre foi uma pessoa cativante, mesmo antes de entrar na vida política”, afirmou Abigail Stein, aposentada que vive nas cercanias da universidade.

E se Hillary tivesse vencido?

Caso Hillary tivesse vencido, o futuro de Obama poderia ser outro: circulava o boato em Washington de que ela poderia indicá-lo para a Suprema Corte, o que seria algo inédito. Mas tudo indica que não faltarão oportunidades para Obama. Na segunda-feira (9) uma brincadeira do Spotify, serviço de reprodução on-line de música, ofereceu a Obama o cargo de “presidente das playlists”.

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