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Trabalhador em reserva de terra rara na China, que detém 97% do mercado mundial dos minérios valiosos – situação tensa para os países que precisam desses elementos na produção de tecnologia | Reuters
Trabalhador em reserva de terra rara na China, que detém 97% do mercado mundial dos minérios valiosos – situação tensa para os países que precisam desses elementos na produção de tecnologia| Foto: Reuters

Exploração

Para geólogo, é preciso investir em tecnologia e conhecimento

O geólogo Donaldo Cordeiro da Silva pesquisou a presença de óxidos de terras raras na região da Barra Itapirapuã, localizada no Vale do Ribeira. Na pesquisa, encontrou cério em abundância, elemento cujo valor de mercado é baixo.

O cério é uma terra rara utilizada na produção de pedras para ignição de isqueiro, em certos tipos de ímãs e em lâmpadas utilizadas na indústria cinematográfica. O geólogo acrescenta ainda que "é necessário investir em educação, ciência e desenvolvimento de tecnologia. Porque não adianta o território ser rico nesses materiais – não adianta que eles sejam os elementos mais valiosos no mercado – se não se tem tecnologia e conhecimento desenvolvidos para saber como explorá-los".

As reservas mais conhecidas no país estão localizadas em Seis Lagos (AM), Araxá (MG), Poços de Caldas (MG) e Catalão (GO). Há um depósito em Seis Lagos de aproximadamente 2,9 bilhões de toneladas de terras raras, de acordo com USGS. As regiões litorâneas do sul da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro também teriam potencial para exploração.

Até 2014, o Ministério de Minas e Energia vai destinar cerca de R$ 18,5 milhões no mapeamento de novas regiões de terras raras, a operação vai ser feita pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

Exploração de matéria-prima no Brasil ainda é muito pequena

O Brasil possui reservas confirmadas de minérios de terras raras, mas a exploração dessas matérias-primas ainda é pequena.

Em 2009, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), a produção era de 650 toneladas. Até setembro de 2010, havia sido descoberto no país um volume de 50 mil de toneladas por metro em reservas com potencial de exploração.

No ano passado, a USGS destacou a possibilidade de o Brasil ser um dos países com as maiores reservas do mundo, com 52 milhões de toneladas de minérios.

Porém, todo esse potencial é classificado como "fontes não classificadas", que não serão exploradas devido a questões ambientais ou à falta de aparato tecnológico.

"O Brasil poderia se tornar uma alternativa de oferta desses produtos, mas é necessário que haja um empenho, principalmente do setor privado, já que o investimento é alto e o retorno é relativamente demorado, algo estimado em dez anos", diz o professor George Sturaro, do Unicuritiba.

Preços

A China tem elevado os preços de forma arbitrária nos últimos anos. Durante o mês de julho do ano passado, o valor do quilo do óxido de diprózio sai de U$S 740 para U$S 1.470.

Donaldo Cordeiro da Silva, geólogo e gerente de gestão de informação da Mineropar, aponta a importância de as jazidas possuírem terras raras com bom valor de mercado (o cério, por exemplo, é mais fácil de achar) e com alta concentração dos elementos químicos (se a concentração for baixa, a extração se torna inviável).

Um grupo de 17 elementos químicos, conhecido como terras raras, deve ditar os rumos da economia mundial nos próximos anos. Eles estão nos componentes dos aparelhos eletrônicos que pululam no cotidiano e aparecem em vários processos químicos importantes para a indústria.

Hoje, as terras raras valem ouro no comércio internacional de produtos manufaturados, industrializados e de compostos químicos. Não à toa, a questão vem gerando embates entre as potências econômicas na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Os setores petrolífero, nuclear, metalúrgico e a indústria de alta tecnologia estão cada vez mais dependentes dessas substâncias, retiradas de diversas composições minerais. Elas foram batizadas com um nome considerado genérico entre os óxidos de elementos metálicos: "terras". "Raras" porque a extração é algo complexa.

A China é detentora de 36,5% de todas as reservas conhecidas no planeta. É o maior percentual entre todos os países que possuem terras raras. Uma pesquisa feita em 2011 pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) aponta que o país asiático possui cerca de 55 milhões de toneladas de minérios de terras raras em seu território, seguido por Rússia e Cazaquistão (países da extinta União Soviética), com uma reserva estimada em 19 milhões.

Os chineses também são responsáveis por 97% da comercialização mundial dessas matérias-primas – o que é considerado um "monopólio virtual" por muitos especialistas e um dos fatores principais para a questão chegar à OMC.

A controvérsia é que a China tem limitado a exploração, a produção e a exportação de produtos manufaturados e de compostos químicos.

Neste ano, foi fixado um teto de 30 milhões de toneladas mandados para o mercado externo por ano. Até 2011, o volume foi de 39 milhões. O corte de 9 milhões de toneladas afeta as indústrias de países como Estados Unidos e Japão, cuja dependência das terras raras é total.

Os elementos disprózio e térbio, para citar dois exemplos, são produzidos apenas pelos chineses. O térbio é utilizado em ligas metálicas de dispositivos eletrônicos como o iPod (o tocador de músicas da Apple), em fibras óticas e até em turbinas eólicas responsáveis pela geração de energia. O disprósio pode ser encontrado em motores de automóveis híbridos, entre outras aplicações.

"As terras raras são um dos principais insumos da cadeia produtiva da indústria da alta tecnologia. São consideradas o ouro do século 21 e, por isso, há esse embate na OMC, com os Estados Unidos, Japão e União Europeia questionando o comportamento dos chineses. O principal eixo de discussão é que a China apresenta uma tendência ainda maior de manipulação de preços no mercado, devido ao corte nas exportações", explica George Sturaro, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário de Curitiba – Unicuritiba.

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