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Durante a cerimônia os manifestantes gritaram durante o rito que se realizava "assassino", "carrasco", enquanto chutavam e batiam no carro fúnebre que levava o corpo do alemão | REUTERS / Yara Nardi
Durante a cerimônia os manifestantes gritaram durante o rito que se realizava "assassino", "carrasco", enquanto chutavam e batiam no carro fúnebre que levava o corpo do alemão| Foto: REUTERS / Yara Nardi

O corpo do nazista Erich Priebke, que morreu no último dia 11 em Roma, chegou nesta terça-feira (15) em um veículo fúnebre à cidade de Albano Laziale escoltado por seis carros, o que criou distúrbios protagonizados pelos moradores da cidade que se negavam a receber o cadáver.

No carro fúnebre ia o caixão do ex-capitão das SS rodeado de coroas de flores, mostrou a televisão italiana SKytg24. "Somos todos antifascistas", gritavam uma centena de manifestantes reunida fora da igreja lefrebviana, onde aconteceu o funeral de Priebke e que precisou ser protegido por um cordão policial.

Durante a cerimônia os manifestantes gritaram durante o rito que se realizava "assassino", "carrasco", enquanto chutavam e batiam no carro fúnebre que levava o corpo do alemão. "Preibke aqui em Albano, não o queremos", diziam também os moradores, divididos entre a surpresa e o aborrecimento ao passarem pelos restos do ex-capitão das SS pelas ruas, o que foi qualificado pelo próprio prefeito Nicola Marini, como "uma ofensa à cidade".

O funeral, que se desenvolveu com a liturgia vigente até o Concílio Vaticano 2º (integralmente em latim e com o padre de costas para os fiéis), foi celebrado no Instituto San Pio 10 em Albano Laziale, a primeira sede da Fraternidade São Pio 10 estabelecida na Itália e foi oficiado pelo padre Pierpaolo Petrucci, informou a televisão pública italiana RAI.

Segundo a agência italiana Ansa, o funeral chegou a ser interrompido porque um grupo de extrema-direita tentou entrar na cerimônia, mas foi impedido pelo administrador da província de Roma, Giuseppe Pecoraro.

Destino final

A morte de Priebke aos 100 anos em Roma criou uma confusão sobre que fazer com seus restos mortais. O presidente do Congresso Judaico Mundial, Ronald S. Lauer, propôs que o corpo do ex-oficial nazista seja incinerado e as cinzas espalhadas em uma cidade desconhecida.

Após o velório, o corpo de Priebke pode ser levado a Roma para cremação, segundo informou o prefeito de Albano. O advogado do nazista, por sua vez, declarou que ainda não foi definido o local em que serão depositadas as cinzas.

"Não decidimos nada ainda sobre sua sepultura. Todas as opções estão abertas. O que faremos é assegurar a dignidade do senhor Priebke, como pessoa", disse o advogado Paolo Gianchini.

Ignazio Marino, prefeito de Roma havia dito que enterro de Priebke na capital seria um insulto.

O governo da Argentina, para onde Priebke fugiu depois da guerra, já havia se recusado a permitir que o seu corpo fosse devolvido para o país.

A prefeitura da cidade natal de Priebke, Hennigsdorf, também descartou enterrá-lo ali, temendo que seu túmulo poderia tornar-se um local de peregrinação para neonazistas alemães. Cerca de 40 neonazistas, alguns usando máscaras Priebke, realizaram uma cerimônia não autorizada na cidade no ano passado para marcar o 99º aniversário do criminoso de guerra.

Priebke foi um dos responsáveis pela morte de 335 italianos e 75 judeus, que foram fuzilados pelos nazistas nas Fossas Ardeatinas em 24 de março de 1944 em represália pela morte, na véspera, de 33 soldados alemães em um atentado dos partisanos na romana Via Rasella.

Terminada a Segunda Guerra Mundial, Priebke foi internado em um campo britânico de prisioneiros de guerra, de onde escapou em 1946 para fugir à Argentina. Ele foi descoberto em 1994 e extraditado para a Itália, onde permaneceu em prisão domiciliar.

Igreja

Papa Francisco recusou um funeral a Priebke na Igreja Católica. Assim, a cerimônia foi realizada no Instituto Pío X, a sede na Itália do movimento lefebvrista. Segundo o jornal "La Repubblica", os lefebvristas autorizaram o funeral, já que não respeitam as disposições do Vaticano desde que foram excomungados há 20 anos. Vários sacerdotes do grupo manifestam aberta simpatia pelo nazismo e consideram que o Holocausto é uma invenção dos judeus.

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