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Bonecos de Brown (esquerda), Clegg (centro) e Cameron, principais concorrentes ao cargo de premiê  são “enforcados” em rua de Londres | Carl de Souza/AFP
Bonecos de Brown (esquerda), Clegg (centro) e Cameron, principais concorrentes ao cargo de premiê são “enforcados” em rua de Londres| Foto: Carl de Souza/AFP

Cameron quer enxugar Estado; demais pedem alta de impostos

Folhapress

Os três candidatos ao governo britânico são rápidos em prometer cortar o inchado deficit público britânico, que fechou 2009 em 11,5%, abaixo apenas do irlandês e do grego. Mas até agora ninguém explicou como.

A expectativa é que o façam hoje durante o último debate da BBC, em Birmingham. O tema se tornou premente ante a crise da dívida grega e o risco de haver um contágio regional.

Cameron promete enxugar o Estado. Mas a resistência popular a diminuir a rede de bem estar so­­cial no momento em que o país convalesce da crise deve limitá-lo.

Já Brown e Clegg propõem adiar em pelo menos um ano os cortes, enquanto tapariam o buraco elevando impostos (outra medida impopular).

  • Veja o resultado de pesquisa de intenção de voto no Reino Unido

Uma pequena gafe do premiê Gordon Brown tomou proporção descomunal ontem e encobriu a discussão eleitoral britânica justamente na véspera do de­­bate final deste pleito, sobre economia. O tema, de acordo com pesquisas, é o que mais preocupa os eleitores, diante da falta de detalhes sobre como os candidatos lidarão com o enorme deficit nas contas do país.

Em um episódio exemplar de quão orientada às câmeras e mi­­crofones esta eleição se tornou, o líder trabalhista passou o dia se desculpando após chamar uma aposentada que o interpelara sobre sua política imigratória e outros temas de algo como "fanática" ("bigot", no dicionário Merrian Webster, alguém intolerante e obcecado com a própria opinião).

No telefone, no rádio, aos jornais, na voz de sua mulher e até pessoalmente, o premiê se desculpou com Gillian Duffy. Brown esqueceu-se de tirar o microfone da rádio que gravava seu corpo-a-corpo e foi ouvido reclamando, ao entrar no carro, que a conversa fora um desastre e que a eleitora era uma "fanática". Mi­­nutos depois o episódio estaria no alto dos sites noticiosos britânicos e ecoaria em outros meios de comunicação.

Os jornais de hoje, dia do de­­bate mais aguardado, destacam a gafe em suas capas.

Analistas temem que o episódio ofusque ainda mais a já ne­­bulosa discussão a respeito da economia.

Dos três candidatos, Brown e o conservador David Cameron, líder das pesquisas, fizeram dela sua maior bandeira de campanha (para o liberal-democrata Nick Clegg, é a reforma eleitoral).

Há duas semanas, o primeiro debate desta eleição (e da história do Reino Unido) acordou o eleitorado e lançou Clegg, então pouco conhecido, na cena nacional. Por margem larga ele foi considerado vencedor.

Mas com a ascensão do liberal-democrata e a personalização da corrida, Cameron e Brown pas­­saram a se preocupar mais em atacar Clegg, e o segundo con­­fronto perdeu em profundidade – os resultados embolados são prova disso.

Na noite de hoje, têm a chance final de expor seus planos an­­tes do voto, no dia 6. Isso se outro azarão não roubar a cena.

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