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Em sinal de luto, a bandeira americana foi hasteada a meio mastro no consulado dos EUA em Ciudad Juarez, no México | Reuters
Em sinal de luto, a bandeira americana foi hasteada a meio mastro no consulado dos EUA em Ciudad Juarez, no México| Foto: Reuters

Supostos narcotraficantes mexicanos perseguiram e abriram fogo contra dois veículos nos quais viajavam famílias de funcionárias do Consulado dos Estados Unidos em Ciudad Juárez durante o fim de semana, matando três adultos e ferindo duas crianças nesta violenta cidade de fronteira, informaram autoridades dos dois países nesta segunda-feira.

Num dos ataques, um bebê escapou ileso das rajadas que mataram seus pais, ambos americanos. No momento do atentado, ocorrido na tarde de sábado, as famílias retornavam de uma festa de crianças

A polícia federal americana (FBI, por sua iniciais em inglês) anunciou nesta segunda-feira que está auxiliando a Procuradoria-Geral do México a investigar os assassinatos, que alarmaram tanto a Casa Branca quanto a presidência mexicana pelo fato de famílias de funcionários do governo americano terem se tornado vítimas do derramamento de sangue que assola cidades do norte do México situadas na fronteira com os EUA.

As suspeitas das autoridades mexicanas recaem sobre uma gangue de rua local conhecida como Astecas, aliada do braço armado do cartel de narcotráfico dominante em Ciudad Juárez. Segundo funcionários mexicanos, as suspeitas baseiam-se em "informações trocadas com as agências federais americanas".

Apesar disso, ainda não se sabe ao certo o que motivou o ataque às famílias de funcionárias do Consulado Geral dos EUA em Ciudad Juárez, que faz fronteira com El Paso, no Estado americano do Texas.

As vítimas retornavam de uma festa de criança oferecida por um funcionário do consulado, disse Andrea Simmons, porta-voz do FBI em El Paso.

Pela função que exerciam no consulado, "nada sugere que as vítimas fossem alvos específicos", mas as investigações continuam, disse ela.

Tanto o casal americano quanto o homem mexicano mortos nos ataques viajavam em carros parecidos, veículos esportivos utilitários brancos.

A funcionária consular e o marido, ambos cidadãos americanos, foram mortos quando estavam perto da ponte internacional de Santa Fé, que liga Ciudad Juárez a El Paso. A mulher, que trabalhava como assistente no setor de vistos do consulado, foi baleada na cabeça. Ela estava grávida. O marido levou tiros no pescoço e nos braços.

O casal assassinado tinha uma filha de aproximadamente um ano. A criança estava no bebê-conforto instalado no banco de trás do veículo e escapou ilesa, disse Vladimir Tuexi, um porta-voz das da promotoria de Chihuahua. A menina está sob custódia do conselho tutelar mexicano.

Dez minutos antes do ataque, policiais encontraram, em outra parte da cidade, o corpo do marido de uma funcionária do consulado. Jorge Alberto Salcido Ceniceros, de 37 anos, foi morto em seu carro. Seus filhos de quatro e sete anos de idade ficaram feridos e estão internados, informou a procuradoria local. Não há detalhes sobre o estado de saúde das crianças.

Salcido Ceniceros atuou como investigador da polícia no passado, disse José Reyes, prefeito de Juárez, mas ainda se investigava em que ele trabalhava atualmente. Policiais têm sido os alvos preferenciais das gangues de narcotraficantes da região.

O Consulado dos EUA em Ciudad Juárez permaneceu fechado nesta segunda-feira por causa de um feriado nacional mexicano, mas manterá as portas cerradas amanhã para que "a comunidade possa velar" as vítimas, disse Silvio González, porta-voz da representação diplomática.

Trata-se da segunda vez em menos de um mês que um consulado americano na fronteira com o México é fechado por conta da violência. No fim de fevereiro, o consulado americano em Reynosa, na fronteira com a cidade texana de McAllen, passou diversos dias fechado por causa de tiroteios na área.

Diversos cidadãos americanos já perderam a vida em episódios de violência relacionados com o narcotráfico no México, a maior parte dela com vínculos familiares com o país vizinho.

É relativamente raro funcionários do governo americano serem atacados, apesar de o consulado dos EUA em Monterrey, no norte mexicano, ter sido alvo de granadas em 2008.

O Departamento de Estado dos EUA informou que compensará financeiramente os funcionários do governo que trabalham nos consulados em Ciudad Juárez e mais cinco cidades do norte do México caso eles decidam-se por enviar seus familiares a outras localidades por medo da violência. As outras cinco cidades são Tijuana, Nogales, Nuevo Laredo, Monterrey e Matamoros.

P. J. Crowley, porta-voz da chancelaria americana, assegurou que a decisão já havia sido tomada antes dos assassinatos do fim de semana, com base na crítica situação de violência na região.

O Departamento de Estado também recomendou que cidadãos americanos adiem viagens desnecessárias a partes dos Estados mexicanos de Durango, Coahuila e Chihuahua.

Mais de 2.500 pessoas foram assassinadas em Juárez somente no ano passado, o que torna a região uma das mais violentas do mundo.

Os três assassinatos ocorreram em um fim de semana especialmente violento no norte do México, durante o qual quase 50 pessoas foram assassinadas.

Um caso relatado nesta segunda-feira ajuda a ilustrar a capacidade quase militar dos cartéis mexicanos. Fuzileiros navais e oficiais da Marinha do México anunciaram nesta segunda-feira o início de uma operação contra uma base do cartel de Zeta perto da cidade de Monterrey, um polo industrial do norte do México.

As forças mexicanas haviam detectado uma base onde haveria cerca de 60 pessoas ligadas ao cartel. Um grupo então embarcou num comboio de veículos e abriu fogo contra um helicóptero da Marinha. Fuzileiros navais entraram na troca de tiros e mataram oito suspeitos.

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